
Maria Bethânia: a inquietante voz que marcou a MPB
Em 1980, VEJA destacava em sua capa o sucesso da cantora e lembrava a sua estreia icônica na música e na luta contra a ditadura militar. O episódio completa 60 anos e marcou a carreira da baiana
TBT 10 DE DEZEMBRO DE 1980 | “Tinha 17 anos quando chocou esteticamente o país vestindo calça de pano de vela de barco, camisa enrolada na cintura, sandália de couro e os cabelos presos na nuca. Uma figura que, trazida da Bahia, apresentava-se em 1965 no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, gritando com uma inquietante voz grossa que “Carcará pega, mata e some”.
Assim iniciava a reportagem de capa de VEJA, que lembrava a estreia de Maria Bethânia como ícone da MPB.
“Sua entrada em cena lembra o final das grandes batalhas. É como se as trombetas anunciassem que o inimigo foi exterminado, novas terras conquistadas e que tudo, dali em diante, terá o gosto de mel. O mundo mágico dos espetáculos elegeu Maria Bethânia para reinar soberana”, dizia o texto.
A cantora Maria Bethânia, de 78 anos, tem como marco do início de sua carreira o dia 13 de fevereiro de 1965. Há 60 anos, nesta data, a artista estreou no espetáculo Opinião, substituindo a cantora Nara Leão.
A data até poderia passar em branco, mas a efeméride guarda tantos significados para a carreira de Bethânia e para a música brasileira, que merece ser lembrada e celebrada sempre.
O espetáculo Opinião estreou em 1964, no ano do golpe militar. Dirigido por Augusto Boal e produzido pelo Teatro Arena, ele teve como elenco principal a cantora Nara Leão, além de João do Vale e Zé Kéti.
Os atores e cantores se intercalavam na interpretação das músicas que denunciavam os problemas sociais do Brasil. A peça entrou para a história por ser uma das primeiras a contestar o golpe e inaugurar as canções de protesto.
Todas as quintas-feiras você, leitor, poderá conferir uma edição antiga no nosso #TBT e ainda consultá-la na íntegra na home do nosso site.