Brasil queimou 40% a menos em julho
Sem fenômenos climáticos, país teve o melhor período dos últimos sete anos, mas o Cerrado continua a ser a maior vítima dos incêndios
Sem grandes fenômenos climáticos, como o El Niño (que aquece os oceanos) e o La Niña (que resfria), a baixa hídrica deste ano não causou tragédias ambientais como no ano passado. Prova disso é o mês de julho, início da época mais seca, que apresentou a menor área queimada, desde o início da medição do Monitor do Fogo do MapBiomas, em 2019. Foram 748 mil hectares queimados – uma redução de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, com 510 mil hectares a menos queimados. Em 2019, início da série histórica, o país perdeu quase o dobro desta extensão para o fogo.
Mesmo com a diminuição das queimadas em todos os biomas, em algumas áreas, a situação continua preocupante. É o caso do Cerrado, que apesar de ter queimado 16% a menos, ainda assim continua a ser o maior foco de queimadas. Composto majoritariamente por formações savânicas, teve 571 mil hectares queimados em julho, o que corresponde a 76% de toda a área queimada no Brasil em julho.
Os estados que mais queimaram no mês passado também ficam, se não totalmente, pelo menos em parte no Cerrado: Tocantins (203 mil hectares), Mato Grosso (126 mil hectares) e Maranhão (121 mil hectares). No caso dos municípios com maior área queimada em julho, todos ficam no Cerrado: Lagoa da Confusão (TO), com 52,6 mil hectares; Mirador (MA), com 38,5 mil hectares; e Formoso do Araguaia (TO) com 34,8 mil hectares queimados.
Em seguida vem a Amazônia, com 143 mil hectares queimados, uma queda de 65% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Mas a maior parte consumida pelas chamas, 76,5%, foi de vegetação nativa, sendo 36% de formações savânicas. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, correspondendo a 14,3% da área queimada.
Após dois anos de secas severas na Amazônia, em 2023 e 2024, que culminaram em um recorde de queimadas no bioma, a redução significativa da área queimada em 2025 pode ser atribuída a pelo menos dois fatores principais. O principal deles é o retorno das chuvas, com um período úmido mais intenso e prolongado, dificulta a prática e a propagação do fogo.
“O início da estação seca é o período mais crítico, marcado pelo acúmulo de material combustível seco e pelo risco elevado de grandes incêndios”, explica Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo. “É justamente nesse momento que a prevenção deve ser intensificada, já que as principais fontes de ignição têm origem humana. ”
Leia:
+https://beta-develop.veja.abril.com.br/agenda-verde/amazonia-e-cerrado-representam-86-da-area-queimada-no-brasil-nos-ultimos-40-anos-segundo-relatorio/
Câmara aprova isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil