Cadê a tomada? No avanço dos carros elétricos, faltam carregadores
No Brasil, a situação é dramática. Em junho, eram 158 000 elétricos rodando pelo país, mas apenas 3 500 estações, uma para cada 45 carros
Há poucos anos, os carros elétricos eram caros e tinham pouca autonomia. Hoje, a situação é outra. A tecnologia avançou e eles conseguem rodar por centenas de quilômetros, além de ser mais acessíveis. Na corrida para conter as emissões danosas ao meio ambiente, os antigos motores a gasolina parecem ter os dias contados. Mas há um descompasso: faltam postos para carregar as baterias. O mercado cresce, mas as tomadas seguem ritmo de expansão muito mais lento.
Projeções indicam que a frota elétrica dos Estados Unidos deve chegar a 48 milhões de veículos até 2030. Para alimentar todos esses veículos, seriam necessários 28 milhões de estações de recarga privadas, aquelas instaladas na casa das pessoas, e ao menos 1,2 milhão de estações públicas, em supermercados e shopping centers. Ou seja, cerca de uma estação para cada 1,7 carro. Hoje, são 2,4 milhões de carros elétricos circulando, mas apenas 143 000 estações, entre públicas e privadas. Uma para cada dezesseis carros. No Brasil, a situação é dramática. Em junho, eram 158 000 elétricos rodando pelo país, mas apenas 3 500 estações, uma para cada 45 carros.
Busca-se saída, e uma delas é desenvolver novos modelos de bateria, que substituam as de lítio. Uma alternativa são as versões feitas com sódio, mais baratas e sustentáveis. A startup sueca Northvolt criou um protótipo tão eficiente quanto a versão de lítio. A chinesa BYD montará a primeira fábrica de baterias de sódio do mundo. São desenvolvimentos bem-vindos, mas o nó permanece: é preciso instalar mais carregadores. Como celebrar a frota de veículos elétricos se eles estiverem presos às lentas tomadas convencionais? A revolução eletrificada pede enérgico avanço em infraestrutura.
Publicado em VEJA de 1º de dezembro de 2023, edição nº 2870