Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Cerrado é a região com a maior perda de área, diz MapBiomas

Dado muda o perfil do desmatamento do país, que passa a ser autorizado, devido à legislação ecologicamente permissiva dos estados.

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 Maio 2024, 13h52

Referência na vigilância dos principais biomas do país, o MapBiomas apresentou nesta terça-feira, 28, o relatório anual do desmatamento. A boa notícia é que a devastação da Amazônia caiu 62,2%, nos últimos cinco anos. A tendência de elevação foi invertida de fato no ano passado, quando a área suprimida caiu para um terço. Em 2022 o desmatamento era de 1,2 milhões hectares – que corresponde a área de meio estado de Sergipe –  e foi para 454 271, em 2023. O registro confirma que os esforços do atual Governo de aumentar a fiscalização e vigilância surtiram efeito na região.

Em contrapartida, agora a má notícia: nos últimos cinco anos o desmatamento do Cerrado subiu 67,7% e no Pantanal, 59,2%. É a primeira vez, desde o início da monitoração do MapBiomas, que houve predomínio de supressão de formações savânicas (54,8%), seguida das florestais (38,5%). De acordo com as análises dos especialistas da entidade, isso se deve principalmente à pressão do crescimento do agronegócio, em especial em Matopiba, região predominantemente de cerrado formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, estados fortes na pecuária e agricultura, desde a década de 1980. Ali, o desmatamento cresceu 59% apenas no último ano. “Diferentemente da Amazônia, o desmatamento é autorizado”, explica o pesquisador Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas. O controle fica mais fácil nos casos de supressão ilegal.

 

Isso se deve à regulação do Cerrado, que exige que apenas 20% da vegetação seja conservada. Na Amazônia, 80% das terras de uma propriedade são intocáveis. Dos quatro estados de Matopiba, Piauí foi o único com redução nas áreas devastadas, enquanto Maranhão disparou na devastação, com uma perda de 95,1% de vegetação nativa nos últimos cinco anos, transformando-se no estado com o maior desmatamento do Brasil. No ano passado, estava em quinta posição. O grande salto ocorreu em 2023, quando a área perdida praticamente dobrou se comparada com a de 2022.  “Não existe resolução simplista no Cerrado, porque é onde o agronegócio reivindica a expansão”, disse Rosa, à VEJA. Uma das saídas, que poderia ser a mudança de leis, implicaria em um preço muito alto para o bioma.

“Quando começa a discussão de mudança de legislação, há uma imediata aceleração no desmatamento”. Funciona como uma grande corrida pelo ouro, onde cada um quer garantir o seu pedaço, antes que a reserva esgote. Para o especialista, o mais acertado seria criar corredores de comunicação contínuos para garantir a sobrevivência dos animais nativos. Uma alternativa que dá o jogo como vencido, onde os sobreviventes embarcam em uma espécie de arca de Noé para garantir a proliferação das espécies. Nada de errado em lutar por corredores, mas dá para exigir mais dos governos e mesmo dos senhores do agronegócio, principalmente quando a questão também é aquecimento global. Enfim, a atual tragédia do Rio Grande do Sul com as enchentes está aí para lembrar que sem equilíbrio natural, não há cultura agrícola que fique de pé.

 

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.