Entenda o porquê de a ONU destacar a importância da COP acontecer no Brasil, neste ano
Evento do clima volta a acontecer no país, depois de 33 anos, quando pela primeira vez as nações se comprometeram com o desenvolvimento sustentável

A Organização das Nações Unidas (ONU) reforçou, no fim do ano, a importância das discussões de uma série de temas, fundamentais no abrandamento da crise climática, que está em curso. A COP 30, que será realizada no Brasil em novembro, está entre os eventos mais destacados do ano, que diferente das edições passadas, tem maior peso simbólico. As discussões voltam a se concentrar no país depois de 33 anos da realização da Eco-92, onde pela primeira vez as nações se comprometeram com o crescimento sustentável.
Na época, o evento realizado no maior cartão-postal brasileiro, o Rio de Janeiro, deixou como legado a assinatura de acordos internacionais importantes. Entre eles, a Declaração de Princípios sobre as Florestas, uma espécie de manual de como proteger as áreas verdes do desmatamento; Agenda 21, outro guia que faz a conciliação entre justiça social, preservação ambiental e desenvolvimento econômico; além de três convenções, a Diversidade Biológica (que estabelece metas de preservação), Combate à Desertificação (cartilha para evitar que áreas verdes sejam devastadas) e Mudança do Clima (com estratégias contra o aquecimento global).
Esses três acordos, ao longo dos anos, ganharam relevância e se transformaram em protocolos base para desacelerar a crise climática. O documento da Diversidade Biológica inspirou a criação do Protocolo de Nagoia, em 2010, já a Mudança do Clima no Protocolo de Quioto, em 1997, e no tão falado Acordo de Paris, em 2015.
Depois de mais de três décadas, o evento volta ao Brasil, mas no centro da maior floresta em pé do país, a Floresta Amazônica, alvo incansável do garimpo, das madeireiras e do agronegócio. Sediada em Belém, no Pará, a COP chama a atenção para essa área de biodiversidade tão preciosa, que está em risco. Proteger as florestas, grandes sumidouros de carbono, emitido pela queima de combustível fóssil, é crucial. E este será um dos temas da reunião, que também volta a abordar mais ação na troca da matriz energética do mundo, que se desenvolve na contramão da sustentabilidade, ao continuar aumentando a queima do carbono. O evento também clama para um balanço do caminho trilhado até agora.
Limite de aquecimento
“Keep 1,5° alive” tem sido o grito de guerra das ONU, que se refere a importância de o aquecimento não ultrapassar o limite de 1,5° acima da temperatura da época pré-industrial. Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento acima deste limite coloca em risco a vida humana e de todo meio ambiente. As queimadas vistas no Brasil são um exemplo no caos que o aquecimento global pode levar. Não faltam exemplos de desastres ambientais mundo afora, mas o fato da reunião ser realizada no cenário que foi tomado pelas cinzas e fumaça em 2024 é impactante.
Leia:
Aumento das responsabilidades
Também fica para este ano a mudança da lei no que se refere ao aquecimento global. Em dezembro, o Tribunal Internacional de Justiça voltou suas atenções para as mudanças climáticas sobre as obrigações dos Estados sobre o tema. Durante duas semanas, 96 países e 11 organizações regionais participaram de audiências públicas no Tribunal, incluindo Vanuatu e outros Estados insulares do Pacífico, assim como grandes economias como a China e os EUA.
A questão do plástico, não resolvida no ano passado, também ficou para 2025. É urgente limitar a produção do material, por mais que as indústrias petroquímicas batalhem para não diminuir o crescimento das empresas. Estudo da Fundação Ellen MacArthur e do World Economic Forum constataram que haverá mais plástico nos Oceanos do que peixes até 2050, caso nada seja feito. É preciso reciclar mais e produzir menos, itens considerados dispensáveis, caso das sacolas de supermercados, entre outros. “Está claro que o mundo ainda deseja e exige o fim da poluição plástica”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “Precisamos garantir que criamos um instrumento que ataque o problema com força, em vez de agir abaixo do seu potencial. Peço a todos os Estados-Membros que se comprometam.”
Leia: