Limitar aquecimento a 1,5°C ainda é viável, afirma autoridade climática
A Iniciativa Science Based Targets planeja acelerar os investimentos na redução de emissões e não validará as alegações de quem quiser abandonar metas

O principal organismo responsável por definir padrões para metas climáticas corporativas anunciou que não validará as alegações de empresas que queiram abandonar a meta histórica de 1,5°C, enfrentando o crescente ceticismo em torno desse alvo.
O limite de 1,5°C de aquecimento em relação ao período pré-Revolução Industrial foi estabelecido pelo Acordo de Paris, em 2015, com o objetivo de impedir mudanças ainda mais drásticas no clima.
A Iniciativa Science Based Targets está revisando conjunto de requisitos que as empresas devem cumprir para que seus relatórios sobre emissões sejam validados.
Um rascunho da proposta, divulgado na terça-feira, sugere mudanças significativas para acelerar os investimentos na redução da queima de carbono.
“A violação temporária do limite global de 1,5°C em 2024 e o crescente impacto das mudanças climáticas destacam a importância urgente de intensificar os esforços para eliminar gradualmente as emissões de gases de efeito estufa da nossa economia”, diz trecho do relatório.
Para acelerar a transição, o órgão propõe que as empresas migrem para eletricidade de baixo carbono até 2040.
E para lidar melhor com as chamadas emissões de Escopo 3, considera substituir os requisitos que exigem metas de 67% de redução de carbono nas cadeias de valor no curto prazo e 90% no longo prazo.
“Para atingir emissões líquidas zero, é fundamental que as empresas alinhem suas atividades de aquisição e geração de receita com as metas climáticas globais”, afirmou a SBTi.
As mudanças propostas, que também distinguem empresas maiores de menores, são resultado de anos de críticas sobre a dificuldade de obter dados precisos sobre emissões e de estabelecer metas tão amplas.
Desde o lançamento da primeira versão do padrão, em 2021, mais de 1.500 empresas tiveram suas metas líquidas zero validadas pela SBTi.
Além disso, a SBTi sugeriu a implementação de requisitos para planos de transição e garantias limitadas, alinhados às exigências europeias, bem como um novo sistema de monitoramento do alinhamento que incluirá verificações pontuais e diretrizes sobre o que as empresas podem reivindicar.
O objetivo é garantir que “as empresas não apenas se comprometam com ações climáticas baseadas na ciência, mas também demonstrem progresso mensurável e melhoria contínua”.