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Mudança climática já dava sinais em 1885, revela estudo

Com ferramentas modernas, cientistas teriam identificado no século XIX o impacto do CO₂ emitido pela queima de carvão e madeira na Revolução Industrial

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 jul 2025, 13h00

Muito antes de a expressão “mudança climática” entrar no vocabulário da ciência, os primeiros sinais do impacto humano na atmosfera já estavam no ar. Um estudo publicado na revista PNAS indica que, se os cientistas da época tivessem acesso à tecnologia atual, teriam identificado indícios do aquecimento global já em 1885 — antes mesmo da invenção dos carros a gasolina.

A conclusão vem de uma simulação conduzida por pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, em parceria com instituições como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Washington. O time partiu de um cenário hipotético: e se, desde 1860, fosse possível monitorar globalmente a atmosfera com a precisão de satélites e balões meteorológicos modernos?

Naquela época, a queima acelerada de carvão e madeira já lançava grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera — um subproduto da Revolução Industrial que iniciava os efeitos do aquecimento global.

A resposta veio por meio de um método de análise conhecido como fingerprint, que permite separar os efeitos naturais das mudanças provocadas por humanos. Segundo os autores, esse padrão de interferência seria visível na forma de um resfriamento na estratosfera — uma camada alta da atmosfera — causado pelo aumento do CO₂ e pela perda de ozônio.

Por que a estratosfera esfria e a Terra aquece?

Os gases do efeito estufa atuam de maneira distinta nas camadas da atmosfera. Na parte mais baixa, a troposfera, eles prendem o calor irradiado pela superfície da Terra, provocando aquecimento. Já na estratosfera, camada seguinte, o acúmulo desses mesmos gases intensifica a reflexão da radiação, fazendo com que parte do calor retorne ao planeta e que a própria estratosfera esfrie.

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Esse resfriamento da estratosfera, segundo os autores, é um sinal inequívoco da ação humana e teria sido detectável com alta confiança em torno de 1885. Mesmo com medições restritas ao hemisfério norte, os dados simulados indicam que o fenômeno seria perceptível até 1894, apenas 34 anos após o início hipotético do monitoramento climático global.

O que isso muda?

Na prática, o estudo reforça que a interferência humana no clima é mais antiga do que muitos imaginam. Embora a ciência só tenha começado a entender o papel do CO₂ no aquecimento global a partir da década de 1970, os impactos da Revolução Industrial já estavam sendo registrados na atmosfera um século antes.

Os pesquisadores alertam que os próximos 26 anos devem trazer mudanças ainda mais intensas do que as observadas desde 1986, especialmente se não houver uma redução drástica no uso de combustíveis fósseis.

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