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Ninhos de pássaros em Amsterdã preservam lixo plástico de 30 anos atrás

Aves estão incorporando resíduos descartados na cidade para construir ninhos, criando um registro involuntário da poluição urbana ao longo das décadas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 mar 2025, 14h50 - Publicado em 7 mar 2025, 14h00

Nos canais de Amsterdã, os ninhos do frango-d’água (Fulica atra) se tornaram um arquivo da poluição humana. Um estudo publicado na revista Ecology analisou 15 ninhos da espécie e constatou que todos continham resíduos plásticos, alguns com até três décadas de idade.

Os pesquisadores identificaram uma embalagem de chocolate da Copa do Mundo de 1994, uma caixa de hambúrguer do McDonald’s de 1996 e uma camada de máscaras descartáveis da pandemia de covid-19. O fenômeno mostra como os pássaros estão se adaptando à falta de materiais naturais nos centros urbanos, utilizando lixo plástico para construir suas estruturas.

Normalmente, os frangos-d’água constroem novos ninhos a cada temporada de reprodução, usando folhas, juncos e outros materiais biodegradáveis. No entanto, nos canais de Amsterdã, essas aves passaram a incorporar plásticos descartados, criando ninhos mais duráveis, que são reaproveitados e ampliados a cada ano.

O que os resíduos revelam sobre o impacto humano?

O estudo destaca que o lixo incorporado aos ninhos reflete hábitos de consumo e mudanças sociais ao longo do tempo. A presença de embalagens antigas evidencia a persistência do plástico no ambiente, enquanto a camada de máscaras cirúrgicas indica o impacto recente da pandemia.

Os pesquisadores também analisaram imagens de arquivos do Google Street View para confirmar que os ninhos eram reutilizados ano após ano, reforçando a ideia de que a poluição plástica urbana deixou uma marca duradoura na vida selvagem. Parte dos resíduos coletados foi enviada ao Museon-Omniversum, na Holanda, onde agora integra uma exposição sobre os efeitos do Antropoceno, a era geológica definida pela interferência humana no planeta.

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O plástico nos ninhos pode trazer riscos para as aves?

Apesar de facilitar a construção dos ninhos e economizar tempo e energia para as aves, o uso de plástico também representa riscos. Fios, fitas plásticas e elásticos de máscaras descartáveis podem se enroscar nos filhotes, e resíduos plásticos podem liberar substâncias tóxicas ao longo do tempo.

O estudo sugere que a adoção do plástico pode ter contribuído para a sobrevivência dos frangos-d’água em áreas urbanas. A espécie é uma das poucas que incorporaram resíduos artificiais como material principal para os ninhos. O impacto desse comportamento na reprodução e na saúde das aves ainda precisa ser mais investigado.

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