Os brasileiros já sentem na pele as mudanças climáticas, principalmente as ondas de calor, que tomam grande parte do país, recorrentemente. Em setembro, as temperaturas subiram até 10° acima do normal para a estação. O ar também ficou quase irrespirável. Em algumas cidades, como São Paulo, a umidade chegou a 12% . O recomendado pela Organização Mundial de Saúde é ficar entre 60% e 70%.
Esse cenário virou o ambiente propício para as queimadas, que este ano atingiram o dobro de focos que em 2023, no Brasil. Os incêndios fizeram as temperaturas subirem ainda mais. O ar, além de seco, ficou com péssima qualidade. São Paulo ganhou por dois dias consecutivos o pior ar, entre as grandes capitais do mundo. O Brasil transformou-se no maior emissor de gases de efeito estufa. Diante disso, o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) se debruçou no arquivo de dados meteorológicos para medir o aumento dos eventos extremos climáticos.
As ondas de calor ficaram quatro vezes mais frequentes nos últimos 30 anos. Pularam de sete para 32. Também mediram os dias seguidos sem chuvas, que passaram de 80 para 100 dias, principalmente no norte do Nordeste e na região Centro Oeste, nas últimas seis décadas.
O Brasil passa pela maior seca dos últimos 60 anos. No estudo, o pesquisador responsável, Lincoln Alves, do Inpe, afirma que “quase todas as regiões do país experimentaram aumento significativo da frequência dos dias consecutivos secos, desde 1960”. A maior mudança foi registrada na segunda metade do período estudado, a partir de 1990, quando pula de 80 para 100 dias consecutivos de seca. Antes, de 1960 a 1990, a média ficou entre 80 a 85 dias.
As temperaturas também subiram. Como a maior mudança climática aconteceu na segunda metade do estudo, os pesquisadores dividiram em três fases os últimos trinta anos. De 1991 a 2000, as temperaturas máximas não passaram dede 1,5°C acima da média para a estação. Os últimos nove anos, de 2011 a 2020, especialmente no Nordeste, onde o índice de aumento de temperatura dobrou.
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