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Queimadas criminosas na Amazônia viram tema de grafite

Quatro artistas transformam muro de 25 metros de comprimento em "arte-manifesto", na principal rua da capital de Rondônia

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 out 2024, 18h03 - Publicado em 16 out 2024, 17h58

A arte foi sempre uma forma elegante e contundente de chamar atenção para problemas políticos, sociais e mais recentemente ambientais. Com o impulso de impactar e registrar os crimes contra a biodiversidade da Amazônia, quatro artistas de Rondônia, criaram um mural de 25 metros de extensão em uma das principais ruas da capital Porto Velho. Cada um deles pintou figuras que simbolizam a região para destacar o que o mundo perde com a devastação do meio ambiente. Ninguém melhor do que artistas rondonenses para isso, pois a população é testemunha ocular da destruição e do descaso com a vida e a cultura regional.

O estado lidera o ranking das maiores perdas de vegetação nativa das últimas quatro décadas. Praticamente 40% desse território amazônico virou pastagem. Atualmente são 9 milhões de hectares de fazendas de criação de gado contra 12 de florestas, sendo que há 40 anos, quase tudo era floresta.

“A nossa inspiração é oferecer uma arte-manifesto, que convide as pessoas a refletirem sobre o que acontece todos os anos na região amazônica, principalmente entre agosto e outubro, época das queimadas, que são criminosas, na maior parte”, diz a grafiteira Nath, uma das artistas que assina a obra.  “A impunidade prevalece, aumentando a sensação de insegurança climática.” Nos muros da Rua Amazônia, onde está o mural, ela pintou a floresta ardendo em chamas e a fuga em massa dos pássaros. 

Rbsks, filho de beiradeiros, reproduziu os povos originários, que foram afetados com as queimadas e a diminuição do volume de água dos rios, que dificultou a pesca e o transporte da população. O Rio Madeira, por exemplo, a principal hidrovia do estado, alcançou o menor nível dos últimos 30 anos. Muitas comunidades ficaram isoladas e precisaram de ajuda do governo. Há ainda outros dois grafiteiros, Silva e Larop, que participaram da obra com pinturas, que revelam as impressões subjetivas registradas de uma temporada de muita fumaça, seca, poluição e vidas perdidas.

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