Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

A Origem dos Bytes

Por Filipe Vilicic Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.

O submundo da internet que celebra o ataque em Suzano

Ao que tudo indica, ao menos um dos dois atiradores frequentava fóruns que agora comemoram o massacre

Por Filipe Vilicic 13 mar 2019, 19h12

O que queriam os dois atiradores que assassinaram oito pessoas e feriram outras 23 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP)? Uma das formas de responder a essa questão é observar casos similares que ocorreram pelo mundo.

Segundo um compilado de pesquisas apresentado em 2016 pela Associação Americana de Psicologia, um traço comum a jovens que cometem ataques em escolas é, por exemplo, a busca pela fama. Fator também confirmado por estudo divulgado em 2012 do sociólogo estadunidense Daniel Flanner. Na pesquisa, apontou-se uma combinação de dois traços perigosos na mentalidade dos atiradores: a baixa autoestima e o narcisismo.

Em outras palavras, são indivíduos com falta de amor próprio, mas que querem se mostrar ao mundo. No caso de Suzano, o perfil é perceptível em fóruns do submundo da internet, os chamados chans.

Em um deles (da imagem que abre este post; e que contém também conteúdo racista, misógino e xenófobo), frequentadores celebravam a tragédia, protegidos pelo anonimato proporcionado pelo site. “O mundo lhe deu ódio, devolva esse ódio”, disse um. Outro afirmava que o atirador teria um “grande senso de justiça, assim como o Wellington” (do massacre de Realengo, em 2011). Mais um já preconizava: “aposto que achavam que iam ser endeusados no chan”.

Em meio às mensagens, compartilhavam-se fotos dos ataques e dos atiradores. Além de imagens que remetiam a filmes sobre massacres em escolas, a exemplo de Precisamos Falar Sobre Kevin (2011). E assim como se usava a referência da música “Pumped up Kicks”, da banda Foster the People, cuja letra também é acerca do assunto.

Continua após a publicidade

Em outro fórum, esse só acessível por navegadores alternativos de internet, a exemplo do Tor, repetia-se o mesmo teor. No entanto, nesse “chan” também se constatava que dias antes um dos atiradores de Suzano havia compartilhado fotos de armas e dele vestido de forma ameaçadora, com a ameaça de que cometeria os assassinatos dias depois.

Em 2012, pais que perderam o filho em um tiroteio nos Estados Unidos lançaram a campanha No Notoriety (Sem Notoriedade). O movimento pede que se pare de divulgar rostos e nomes de assassinos participantes de ataques em massa, como os efetuados em escolas. A ideia seria fornecer menor motivação para o mal, não proporcionando a fama pós-morte esperada pelos atiradores – que, pelo o que se discute nos vergonhosos fóruns de internet aqui citados, visam aparecer em jornais, sites, revistas, ser tema de filmes.

Estatísticas comprovam o que sentiram os fundadores do No Notoriety. Um estudo publicado em 2015 na revista científica Plos One apontou que a ocorrência de um tiroteio em massa nos Estados Unidos faz com que seja de 30% a chance de acontecer outro nos 13 dias seguintes a ele – com atiradores motivados pela fama ganha por seus antecessores.

Continua após a publicidade

Massacres como o de Suzano comovem, entristecem e mostram que há muito de falho na humanidade. No entanto, parece que alguns – igualmente criminosos e mentalmente perturbados – os celebram online. Será que seria preciso rever a forma como são tratados esses ataques para não motivar a notoriedade dos mesmos?

É uma pergunta sobre a qual vale refletir. Até porque, o levantamento da Associação Americana de Psicologia indica que pode estar ocorrendo o contrário: pela popularização da internet, cresceu em 70% a exibição dos rostos de atiradores entre os anos de 1997 e 2012.

Agradecimento: ao esforço de reportagem de André Lopes e Sabrina Brito

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.