Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

A Origem dos Bytes

Por Filipe Vilicic Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.

Por que a Apple não nos empolga mais

Como mostram os últimos lançamentos, a marca, antes ícone de inovação, agora está virando símbolo de como iludir pessoas

Por Filipe Vilicic 18 set 2018, 17h08

Na época de liderança do falecido Steve Jobs, morto em 2011, a Apple era símbolo de pioneirismo e inovação. Dela vieram aparelhos que realmente revolucionaram nossas vidas. Na primeira fase de comando de Jobs, entre os anos 70 e 80, saiu de lá nada menos do que o primeiro computador pessoal a ser comercializado em massa. Depois de despedido da companhia que fundou, o genial empreendedor seguiu outros rumos – e aí mexeu com os fundamentos de indústrias como a de entretenimento (quando ajudou a criar a Pixar tal como ela é). No fim dos anos 90, o chamaram de volta para a Apple. A marca estava à beira da falência justamente por ter passado anos sem apresentar novidades significativas, apenas repetindo fórmulas e imitando a concorrência. Jobs a fez renascer lançando produtos que as pessoas queriam demais, sem nem saber que viriam a existir. Foram fabricados o iPod, o iPhone, o iPad.

Só que, desde a morte da mente por trás de todos esses gadgets que deram o tom do século XXI, a Apple nada apresenta de novo. Pelo contrário, erra no que poderia ser novidade e se mantém novamente apenas repetindo fórmulas, copiando rivais e iludindo o público. Será que a tática é sustentável?

Na semana passada, restringiu-se a apresentar iPhones que nada tem de novo além de serem maiores em suas dimensões e, acompanhando a evolução óbvia dos chips, mais rápidos e tal. Pior: qualquer elemento que se apresentava como sendo fantástico na real se tratava de imitação de algo já feito por rivais asiáticos. Indiretamente, ainda se admitiu que o relógio inteligente Apple Watch naufragou. Por isso, desistiu-se de praticamente tudo da proposta original do produto, transformando-o quase que tão-somente numa daquelas antigas pulseirinhas que monitoram a saúde de seus usuários.

Até aí se pode argumentar que não dá para inovar a todo momento e que a concorrência também não tem ido muito além nessa área. A desculpa se torna falha quando se observa o tom das apresentações da Apple. Mais uma vez se imitou o estilo showman de Jobs. No entanto, Jobs tinha novidades realmente bombásticas para apresentar. Agora, tudo só fica como um show de ilusões – nas quais só caem os mais incautos. No fim, a tão icônica e invejada marca da maçã, à qual muito admirei, se apoia agora só na imagem que seus produtos mantêm como artigos luxuosos. Nada mais.

Esperava-se muito mais da Apple. MUITO mais. Era prometido que ela criaria carros que se dirigem, TVs avançadíssimas e outros gadgets ousados. Nada disso aconteceu. Na verdade, seu produto mais inovador, apresentado no ano passado, acabou nem saindo do papel. A empresa fundada por um gênio mostrou em 2017 o AirPower, um dispositivo leve, fino e potente com o qual seria possível carregar aparelhos sem precisar de fios. Alguém aí já viu um AirPower funcionando? Não? Isso porque ninguém viu. O projeto, apresentado já com status de pronto e lançado, não saiu das portas da empresa pois deu tudo errado com ele – um dos bugs seria o de superaquecer iPhones e estragar os celulares assim.

Continua após a publicidade

É uma pena que uma marca que fora famosa por ser inovadora tenha virado o que virou. Lembro que quando entrevistei um ex-CEO da Apple, John Sculley, o cara que demitiu Jobs nos anos 80, ele destacou qual teria sido o maior erro de sua gestão: pensou só em números, em vender tecnologia como se fosse uma lata de refrigerante, e se esqueceu do elemento da inovação. Foi justamente essa estratégia tida por ele mesmo como fajuta que levou a companhia à quase falência nos anos 90. Agora pode estar ocorrendo algo parecido, mesmo que a derrocada certamente leve muito mais tempo para ocorrer – afinal, a Apple foi elevada, ainda pelo passado sob as rédeas de Jobs, a um patamar muito maior no mercado.

Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicicno Facebook e no Instagram.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.