Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Claudio Moura Castro

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Síndico ou reitor?

Os professores não são como donos de apartamentos

Por Claudio Moura Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h08 - Publicado em 26 jun 2020, 06h00

Os proprietários dos apartamentos se reúnem para eleger o síndico. Ganha o mais votado. Democrático e simples. Os professores votam para escolher o reitor. Pode-se dizer o mesmo? Enfaticamente, não. Vejamos o assunto de duas perspectivas. A primeira é como se passa nos países democráticos e bem-sucedidos. A segunda analisa a legitimidade e os resultados de tal eleição.

Nas sociedades mais avançadas, nada de eleição. Os reitores são escolhidos pelos seus governantes ou por conselhos compostos de figuras respeitadas na sociedade. Quem sabe o mundo todo está errado e apenas o Brasil acertou? Na segunda perspectiva, consideremos que nas democracias os governantes são escolhidos pelo voto popular. Mas há um probleminha: quem escolhe os demais membros da equipe de governo? Outras eleições? Quantas? Vai daí a adoção da democracia representativa. Nela, o eleitor não apenas escolhe quem manda, mas delega a ele a tarefa de apontar seus auxiliares. É o sistema vigente. Precisa ser trocado?

Na universidade federal, se os professores fossem escolhidos pelo voto popular, teriam legitimidade para escolher o reitor (o mesmo com alunos e funcionários). Mas, não sendo assim, não representam o povo. Ademais, seus interesses podem discrepar do que é melhor para a sociedade. Ou seja, isso contraria a ideia magna do governo pelo povo. Os donos elegem o síndico. O povo é dono da universidade. Não são os professores, que, ademais, têm agenda própria.

“A lealdade a partidos toma o lugar da avaliação desapaixonada das ideias e pessoas”

É bem verdade, os professores apenas elegem uma lista tríplice. Cabe ao governante eleito a escolha final. Porém, se nenhum dos três satisfaz, o incumbente está de mãos atadas. E, por uma infeliz tradição, se não escolher o primeiro da lista, cria-se um conflito barulhento, gerando greves e manifestações. Nada mais antidemocrático.

Continua após a publicidade

No seu funcionamento, a eleição intramuros mostra seus vícios. Há um conflito quando a coisa pública é governada por quem pode ter benefício direto em decisões que não correspondem ao interesse social. Fechar cursos? Despedir gente? Ajustar pagamentos? Nada de contrariar os “professores-eleitores” ou pisar nos calos daqueles que não se alinham com o que seria melhor para a sociedade. Escolher gente de fora? Jamais!

Por outro lado, compromissos de campanha (“se eu for eleito…”) reduzem a autonomia do reitor. Isso para não falar da politização do processo. A lealdade a partidos toma o lugar da avaliação desapaixonada das ideias e pessoas. Sendo assim, a governança da universidade converte-se em uma extensão da vida partidária da nação e reforça a tendência de perpetuação das dinastias de reitores.

Não estamos julgando quem está hoje no poder. Discutimos princípios. Se reitores são escolhidos por governantes fracos, o sistema é forte na teoria democrática e frágil na prática, pois erra-se mais nos nomes. Em contraste, o sistema presente, além de equivocado na teoria, peca também na prática. Um caminho promissor seria a criação de conselhos compostos de pessoas independentes e qualificadas para a tarefa. Seriam assistidos por “comitês de busca” que selecionariam os candidatos. Ao governo caberia referendar a escolha.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 1 de julho de 2020, edição nº 2693

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.