Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Especulação benéfica

Está errada a percepção comum sobre a atividade financeira

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 13h11 - Publicado em 14 ago 2021, 08h00

Em artigo no Estadão (10/7/2021), o sério e competente presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que “no mundo das finanças a especulação é uma espécie de aposta, geralmente não racional e sem fundamentação empírica, que tem em vista auferir ganhos exorbitantes”. O raciocínio foi usado contra o “ataque especulativo contínuo, inexplicável e absurdo à CoronaVac”, vacina produzida em parceria da Sinovac com o instituto.

O paralelo não faz sentido. Covas valeu-se da percepção — comum, mas equivocada — de que a especulação é condenável. Há até quem considere que a atividade financeira é o território de parasitas. Na semana anterior, o papa Francisco externou visão semelhante ao criticar a “especulação que domina os mercados financeiros”. Ele defendeu “uma economia diferente, mais justa, inclusiva e sustentável”. Disse que a especulação deveria ser “estritamente regulamentada”. O sumo pontífice exagerou.

Segundo o dicionário Houaiss, a especulação “visa a obter lucros sobre valores sujeitos à oscilação do mercado”. Registra também que a especulação pode ser um “estudo teórico, baseado predominantemente no raciocínio abstrato”. Não se menciona nenhum caráter reprovável da especulação.

“Sem os especuladores, as bolsas de valores não funcionariam e a agricultura não prosperaria”

Os livros de finanças ensinam que especular é adquirir um ativo financeiro, uma commodity ou um imóvel na expectativa de futura valorização. O especulador é ator relevante para o funcionamento dos mercados. Sem ele, seria muito custoso transacionar ativos reais ou financeiros. Quem compra ações e outros ativos especula, no bom sentido.

Continua após a publicidade

Como os mercados financeiros não são eficientes, geram-se oportunidades de arbitragem e especulação que acarretam sua movimentação. Sem os especuladores, as bolsas de valores não funcionariam. Sem as bolsas de commodities, que sinalizam preços, a agricultura e a mineração não prosperariam. Ao emprestar, o banco especula que vai receber o dinheiro adiantado a empresas e consumidores, assim contribuindo para a expansão da economia. Antes disso tudo, os empreendedores dependiam de si mesmos, dos parentes e dos amigos para tocar seus negócios.

Os mercados funcionam melhor quando se beneficiam da fluidez e da abrangência de informações. Não por acaso, a invenção da impressora de tipos móveis por Gutenberg (1450) e a subsequente ampliação de informações contribuíram decisivamente para o desenvolvimento dos mercados a partir do século XVII. Nos mercados de capitais, constitui crime sonegar informações relevantes ou disseminá-­las de forma desonesta.

Claro, existe a especulação que desestabiliza os mercados, mas essa disfunção não é frequente onde os sistemas financeiros são bem regulados. Neles, as informações disseminadas pelo governo, pelas empresas e pela imprensa geram previsibilidade. Ataques especulativos são típicos de erros de política econômica que geram valorização artificial e insustentável da moeda ou bolhas nos mercados acionários. Fora disso, a especulação é parte natural do jogo econômico e da geração de riqueza.

Publicado em VEJA de 18 de agosto de 2021, edição nº 2751

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.