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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Doria vence prévias do PSDB e será candidato à Presidência em 2022

Governador de São Paulo faz valer favoritismo, vence Eduardo Leite após imbróglio com aplicativo de votação e garante indicação para corrida presidencial

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 nov 2021, 20h22 - Publicado em 27 nov 2021, 18h54

O governador de São Paulo, João Doria, venceu no primeiro turno as prévias do PSDB neste sábado, 27, e será o candidato do partido à Presidência da República nas eleições de 2022. Na disputa interna do tucanato, Doria teve 53,99% dos votos e venceu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que ficou com 44,66%. Ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio era o azarão na disputa e terminou com apenas 1,35% da preferência. Se um candidato não tivesse conquistado metade mais um dos votos, haveria um segundo turno entre os dois primeiros colocados no próximo domingo, 6. Estavam inscritos para votar nas prévias cerca de 45.000 tucanos, entre filiados, mandatários e dirigentes partidários.

As prévias do PSDB terminam após um imbróglio que se estendeu desde o domingo passado, 21, dia em que a votação estava inicialmente programada. O pleito foi suspenso diante de problemas no aplicativo que registraria os votos de filiados, vereadores e figurões da sigla que não foram a Brasília, onde urnas eletrônicas receberam os votos de políticos tucanos com mandato e com cargos na direção do partido. Durante a semana, em meio a uma guerra de narrativas entre o paulista e o gaúcho, a legenda buscou, testou e contratou outro aplicativo para executar a votação.

Aliados do governador paulista já vinham projetando seu favoritismo na reta final da campanha, que teve um grau de dificuldade maior que o esperado em função dos apoios reunidos por Leite. O colégio eleitoral do PSDB foi dividido em quatro grupos para as prévias, cada um com peso de 25% do total: filiados; prefeitos e vice-prefeitos; vereadores, deputados estaduais e distritais; governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e o atual presidente do PSDB.

O formato definido para as prévias representou uma derrota já na largada a Doria. O governador e seus aliados defendiam um peso maior ao voto dos filiados sem mandato – uma forma de dar mais peso a São Paulo, que responde por 62% dos filiados cadastrados a votar na eleição interna. Havia também resistência ao paulista na cúpula do PSDB, melindrada com alguns dos movimentos políticos dele, vistos como precipitados, e sobretudo na bancada tucana na Câmara.

Perfil e desafios

Jornalista e empresário, João Doria, 63 anos, foi eleito em 2018 e assumiu em 2019 o governo de São Paulo, estado mais rico e populoso do país, após passar pouco mais de um ano à frente da prefeitura da capital paulista. Para se viabilizar como candidato a prefeito e governador, Doria também havia vencido prévias dentro do PSDB. Inicialmente, ele teve como padrinho político o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje seu desafeto, e já em 2018 tentou viabilizar seu nome para a corrida presidencial como candidato tucano. Alckmin acabou sendo o candidato e amargou a maior derrota do partido desde a redemocratização, com apenas 4% dos votos no primeiro turno. O ex-governador trabalhou por Leite nas prévias e vai deixar o

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Diante do crescimento dos apoios a Eduardo Leite em estados como Minas Gerais, Ceará e, naturalmente, Rio Grande do Sul, redutos de caciques tucanos não-paulistas, Doria buscou se vender como o candidato mais competitivo para o pleito de 2022 diante de trunfos como a viabilização da vacina contra a Covid-19 no país – ele se diz o “pai” do imunizante no Brasil – e a economia de São Paulo, que se recupera mais rapidamente que a nacional. Ele e seus aliados também exploraram a rejeição a aliados de Eduardo Leite, como o deputado Aécio Neves (MG), e questionavam se o adversário teria mesmo a intenção de concorrer ao Palácio do Planalto ou daria preferência a uma composição, abrindo mão da cabeça de chapa.

Com a vitória garantida, Doria terá como primeiro desafio a unificação de um PSDB conflagrado depois de uma campanha com ataques e acusações entre seus aliados e os de Leite – as caneladas se intensificaram em meio à indefinição sobre o aplicativo. Tucanos que apoiavam o gaúcho falam em “implosão” do partido diante do triunfo de João Doria e da rejeição a ele dentro de estados relevantes na sigla. Nas duas últimas semanas, buscando atrelar a candidatura do adversário a um projeto pessoal, o gaúcho dizia que o partido escolheria na votação entre ser o partido de um candidato à Presidência ou um partido com um candidato à Presidência. A costura entre os até agora adversários, portanto, não será fácil.

Fora do ninho tucano, o governador paulista também deverá enfrentar resistência de caciques partidários do chamado “centro democrático”, como Gilberto Kassab (PSD) e ACM Neto (DEM), que viam o nome de Leite como mais palatável às discussões por uma terceira via à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os nomes tucanos não chegam a dois dígitos nas pesquisas eleitorais. Vencer as prévias do PSDB, como se vê, foi apenas o primeiro obstáculo transposto por João Doria.

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