Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

Governo revoga despacho que permite infrações ambientais na Mata Atlântica 

Decisão é um recuo de Ricardo Salles após ações na Justiça de ambientalistas e do MPF contra canetada para anular uma lei com regramentos sobre o bioma

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2020, 10h26 - Publicado em 4 jun 2020, 09h23

O governo federal revogou, nesta quinta-feira, 4, um despacho do Ministério do Meio Ambiente que abriu brecha para o descumprimento das regras da Lei da Mata Atlântica, resultado de uma luta de 20 anos no Congresso. O ato, que consta do Diário Oficial de hoje, é um recuo do ministro Ricardo Salles depois da pressão de ambientalistas, procuradores da República e da própria imprensa.

Como informou a coluna, o despacho era o mais claro exemplo da estratégia revelada pelo próprio Salles na reunião ministerial do dia 22 de abril, e que foi tornada pública um mês depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro, o político afirmou que o governo deveria aproveitar a imprensa com a atenção voltada à Covid para mudar “regramentos” com canetadas. 

ASSINE VEJA

As consequências da imagem manchada do Brasil no exterior
As consequências da imagem manchada do Brasil no exterior O isolamento do país aos olhos do mundo, o chefe do serviço paralelo de informação de Bolsonaro e mais. Leia nesta edição ()
Clique e Assine

Tendo como base apenas um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), o despacho do ministro recomendou que órgãos ambientais como o Ibama e ICMBio desconsiderassem a Lei da Mata Atlântica (11.428/2006), no que tange a atuação pela fiscalização do bioma, e aplicassem as normas do Código Florestal, que é bem mais brando. Isso, sem discutir a alteração por meio do Congresso Nacional.

A “canetada” aconteceu dias antes da reunião. No desastroso encontro, Salles disse: “Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente. É hora de unir esforços para dar de baciada a simplificação”.

Continua após a publicidade

Na prática, a mudança no regramento tornou a Lei da Mata Atlântica sem efeito e permitiu o perdão de dívidas e multas dos produtores rurais que desrespeitaram a legislação construindo e ocupando área de preservação ambiental. A “canetada” iria anular, só no Ibama, em torno de 1.400 multas de proprietários que se instalaram em áreas de preservação permanente. 

A Mata Atlântica é um bioma mais frágil, mas fundamental para garantir o abastecimento de água na área geográfica onde moram mais brasileiros. A Constituição declara a Mata Atlântica como patrimônio nacional. O despacho, de número 4.410, acabou contestado na Justiça após uma ação proposta pelo Ministério Público com a Associação dos Procuradores de Meio Ambiente e com a SOS Mata Atlântica. 

O grupo entrou com a ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e depois fez o mesmo nas justiças estaduais. O esforço também contou com a notificação ao Ministério Público Federal para que as superintendências do Ibama e para que as Secretarias de Estado do Meio Ambiente, nos 17 estados brasileiros onde a floresta se espalha, não cumprissem a determinação. 

Continua após a publicidade

Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta quinta-feira, 4, Salles anunciou que a AGU vai ao STF, por meio de uma Ação Direta de Constitucionalidade, arguir se o Código Florestal, que é mais flexível, pode ser aplicado à Mata Atlântica. 

Foi com parecer da AGU que ele assinou o despacho alterando o regramento. A AGU é favorável, mas como Salles disse na reunião, a estratégia era só uma: parecer e canetada. “Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. […] Isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.