Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Não está para peixe

A determinação do STF mudou o centro de gravidade em Brasília

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h12 - Publicado em 19 jun 2020, 06h00

A promessa de que os militares palacianos moderariam os arroubos autoritários do presidente frustrou-se há tempos. Deu-se o oposto: Bolsonaro radicalizou seus militares. São eles que conduzem a insana política de saúde, cooptam o Centrão para barrar o impeachment, intimidam o Supremo Tribunal Federal.

A adesão a Bolsonaro por parte dos palacianos foi tão despudorada que a sociedade entendeu que o risco de ruptura democrática era real e se organizou para impedi-la. Com o Congresso paralisado pelo Centrão e a Procuradoria-Geral da República ocupada por alguém cujos colegas chamam de “procurador-geral do Bolsonaro”, coube ao Supremo a tarefa de ser intolerante com a intolerância. E o fez com maestria: preparou-se e, em apenas 48 horas, ordenou prisões e operações de busca e apreen­são, quebrou sigilos bancários, negou habeas-corpus a Weintraub.

ASSINE VEJA

Acharam o Queiroz. E perto demais
Acharam o Queiroz. E perto demais Leia nesta edição: como a prisão do ex-policial pode afetar o destino do governo Bolsonaro e, na cobertura sobre Covid-19, a estabilização do número de mortes no Brasil ()
Clique e Assine

A determinação do Supremo mudou o centro de gravidade da política em Brasília. O governador do Distrito Federal, um dos mais próximos ao presidente, desmantelou acampamentos, proibiu manifestações, demitiu o subcomandante da PM que permitiu o ataque ao prédio do STF e anunciou que vai prender recalcitrantes. O procurador-geral Augusto Aras, em que pese sua proximidade com o presidente, foi quem pediu as ações contra o bolsonarismo radical.

“Governos são diferentes de navios: quando eles começam a afundar, os ratos embarcam”

Continua após a publicidade

Dias antes de ordenar as ações, o Supremo enviou Gilmar Mendes para uma visita “de cortesia” ao general Edson Pujol. O objetivo aparente era desfazer a narrativa bolsonarista de que o tribunal impede o governo de funcionar e quer “tomar o poder”, mas é provável que Gilmar tenha adiantado ao comandante do Exército as ações que estavam por vir. O simples fato de Pujol ter aceitado receber Gilmar é uma sinalização de que o Alto-Comando do Exército não endossa as declarações golpistas dos generais palacianos.

O governo ficou atordoado: em vez da costumeira agressividade, Bolsonaro respondeu com 48 horas de silêncio retumbante e, enfim, uma sequência de tuítes cautelosos. Mourão defendeu um “diálogo harmonioso” entre Executivo e Judiciário, e disse que há um “ruído de comunicação” a ser superado. Os generais palacianos permaneceram calados. Até os filhotes deram declarações conciliadoras. A única agressividade que o governo manteve foi intestina: brigou consigo mesmo, a ala militar tentando demitir o ministro da Educação, a ala olavo-­filial tentando dobrar a aposta e mantê-­lo no cargo. Mas o “acabou, porra!” acabou. Pelo menos por enquanto.

A investigação está na porta do Palácio do Planalto, e, pela ordem natural das coisas, deverá estar do lado de dentro em algumas semanas. Este é aquele momento em que quem está no governo se pergunta o que está fazendo lá, e olha com inveja para Sergio Moro e Mansueto Almeida, que, um por sorte, outro por juízo, abandonaram o barco antes do naufrágio. Governos são diferentes de navios: quando eles começam a afundar, os melhores quadros se vão e os ratos embarcam — a chegada do Centrão ao ministério não é coincidência.

Continua após a publicidade

O mar de Jair Bolsonaro não está para peixe.

Publicado em VEJA de 24 de junho de 2020, edição nº 2692

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.