Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Uma chance perdida

Se combatesse a pandemia, Bolsonaro teria a gratidão do povo

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h45 - Publicado em 18 dez 2020, 06h00

O governo Jair Bolsonaro finalmente apresentou um plano de vacinação contra a Covid-19. É improvisado, não tem datas e não tem a chancela dos especialistas, mas tem alguma consistência.

Para não botar azeitona na empadinha do governador de São Paulo, João Doria, em um primeiro momento, o obediente ministro Eduardo Pazuello deixou a CoronaVac, justamente a vacina mais acessível, de fora. Diante dos protestos, concedeu que a compraria “se houvesse demanda” (como se fosse possível não haver) e, por fim, a incluiu no plano.

O documento inclui também a vacina da Pfizer, que exige temperaturas muito baixas. Antes descartada de modo precipitado — Pazuello não se informou se alguém teria os congeladores adequados (laboratórios particulares, que cobrem mais de 30% da população do país, têm), nem se o próprio laboratório ofereceria alguma saída (sim, oferece), nem se fabricantes brasileiros teriam condições de produzi-los — a vacina foi incluída sem que se esclareça como se resolverá a refrigeração.

Elcio Franco, secretário executivo do Ministério da Saúde, que não sabe o que significa meta, disse que seria uma “irresponsabilidade” fixar datas. Não disse se foi irresponsabilidade não ter encomendado seringas e agulhas, cujo prazo é de cinco meses. Forçado pelo Supremo, o especialista em logística Pazuello não explica como será a distribuição, mas afirmou que vai começar a vacinar cinco dias depois da aprovação pela Anvisa.

O diretor da agência, o contra-almirante Antônio Barra Torres, burocrata até a medula, prefere procurar erros de preenchimento que lhe permitam negar aprovação à CoronaVac a acelerar o processo de aprovação das vacinas e cumprir seu dever de defender a saúde.

Continua após a publicidade

“O que o presidente faz é maximizar as mortes e afundar a economia, prejudicando a todos e a si mesmo”

O bolsonarista Ronaldo Caiado, governador de Goiás (que um dia foi médico), propôs impedir que a vacinação em São Paulo comece antes dos outros estados — e sugeriu que Bolsonaro, que proibiu comprar a vacina do Butantan, a confisque. Por certo para esquecê-la em algum galpão, como ocorreu com os testes.

Na apresentação do plano nacional de vacinação, Pazuello mostrou a sua pressa em acabar com a pandemia perguntando “pra que essa ansiedade, essa angústia?”. Como se não fosse o governo o responsável pela confusão. Bolsonaro declarou que, se “algum de nós exagerou, foi no afã de buscar solução”. Percebe-se o afã na ideia de exigir um termo de responsabilidade de quem deseja ser vacinado e na declaração do presidente da República de que “não tomo e ponto-final” (Bolsonaro teve Covid-19 há cinco meses, a sua imunidade está no fim, e a decisão foi comemorada em certos setores).

Continua após a publicidade

Se combatesse a pandemia, Bolsonaro teria a gratidão do povo e viabilizaria a recuperação da economia, tornando-se imbatível na disputa eleitoral de 2022 — mas o que faz é maximizar as mortes e afundar a economia, prejudicando a todos e a si mesmo. Seus acólitos nada ganham para prejudicar os cidadãos e puxar o saco do mais indigno presidente que o Brasil já conheceu. A incúria, a incompetência a e a má-fé não explicam um comportamento que não tem lógica alguma.

E, como alerta o historiador Carlo Cipolla, aqueles cujo comportamento não têm lógica são totalmente imprevisíveis, o que os torna “os indivíduos mais perigosos que existem”.

Publicado em VEJA de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.