Rosamund Pike: O reconhecimento tardio da nova vilã favorita da TV
Atriz inglesa tem uma vasta carreira no cinema, mas sua popularidade nunca foi tão grande quanto com o filme 'Eu me Importo', nova sensação da Netflix
Com um exuberante vestido vermelho e o rosto de feição desanimada sustentado pela palma da mão, a atriz Rosamund Pike esperava em um quarto de hotel o anúncio da categoria de melhor atriz em filme de comédia do Globo de Ouro 2021. Entre as indicadas, a inglesa de 42 anos claramente estava ali para marcar presença: ela não esperava ganhar. Por isso, a enorme cara de surpresa quando ela foi anunciada vencedora pelo filme Eu Me Importo, da Netflix.
A alegria genuína e o rosto simpático da atriz ao levar o prêmio passa longe da ácida e inescrupulosa Marla Grayson, protagonista de Eu Me Importo, uma tutora-legal de idosos que chefia uma organização criminosa no intuito de extorquir o dinheiro e bens dos velhinhos indefesos. Ela, entretanto, se depara com uma senhora que não está sozinha e muito menos indefesa. A produção se mantém entre os dez filmes mais assistidos no Brasil na plataforma de streaming desde sua estreia no dia 19 de fevereiro.
A popularidade conquistada por ela com o filme somada a honraria entregue no último domingo, 28, são uma tardia consagração de mais de duas décadas de trabalho da “Rosa Inglesa”, como é conhecida na Inglaterra. Nascida em Londres em 1979, Rosamund Mary Elizabeth Pike passou a infância viajando pela Europa com seus pais cantores de ópera e aprendeu a falar francês e alemão nas horas vagas. Chegou a estudar em um internato na adolescência depois de conseguir uma bolsa como jogadora de badminton, mas aos 17 anos se bandeou para a carreira artística ao interpretar Julieta no clássico de Shakespeare em uma produção do National Youth Theatre. “Estamos em 1997 e estou pensando: ‘Você pode interpretar Julieta mesmo que nunca tenha se apaixonado?'”, relembrou a atriz em uma recente postagem em suas redes sociais.
As paixões, porém, não demorariam a surgir. A atriz namorou o ator Simon Woods, antes de ser seu par romântico em Orgulho e Preconceito (2005), e mais tarde ficou noiva do diretor Joe Wright, do mesmo filme. Hoje Rosamund vive com o empresário Robie Uniacke, que é 18 anos mais velho que ela, e pai de seus dois filhos, Solo, 8, e Atom, 6.
Rosamund foi apresentada ao mundo em 2002 como Miranda Frost, uma campeã de esgrima de sangue azul que se tornou agente dupla, no thriller de 007: Um Novo Dia Para Morrer (2002). De lá para cá, ela mostrou que pode ser uma militante de esquerda alemã que sequestra aviões, em 7 Dias em Entebbe (2018); uma correspondente de guerra em Uma Guerra Pessoal (2018), ou a química ganhadora do Prêmio Nobel Marie Curie, no drama Radioactive (2019).
O trabalho que a fez virar uma das queridinhas entre as grandes vilãs de Hollywood veio em 2014 com Garota Exemplar, ao lado de Ben Affleck. Na produção, Amy, interpretada por Rosamund, desaparece no dia de seu quinto aniversário de casamento. O matrimônio, até então perfeito, começa a desmoronar quando segredos obscuros do casal surgem. O marido se torna o principal suspeito do desaparecimento e, com a ajuda da irmã, tenta provar sua inocência.
A atuação de Rosamund no longa garantiu indicações como melhor atriz nas principais premiações mundiais – incluindo BAFTA, Globo de Ouro e Oscar. Porém, não ganhou nenhum. Agora, com a vitória no Globo de Ouro, suas chances aumentam para o Oscar, que acontece em 25 de abril. Um reconhecimento merecido.