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A evangélicos, Bolsonaro diz que ‘falta fé’ ao Brasil

Presidente afirmou que está na Presidência cumprindo a "missão de Deus"; reunião em hotel no Rio de Janeiro também teve Dias Toffoli e Davi Alcolumbre

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 abr 2019, 19h43 - Publicado em 12 abr 2019, 16h29
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  • Os chefes dos três poderes da República se reuniram nesta quinta-feira, 11, com as principais lideranças evangélicas num hotel de luxo na Barra, no Rio de Janeiro. Diante da plateia de pastores, as autoridades procuraram ressaltar o seu lado religioso e agradar aos representantes da comunidade protestante, que elegeu uma bancada de mais de 100 parlamentares e deu mais de 21 milhões de votos ao presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.

    Em seu discurso, o presidente da República afirmou que “falta fé” ao Brasil, que o seu governo passou a votar na ONU conforme o versículo bíblico João 8:32 (“conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”), que a sua eleição foi um milagre divino e que está no Planalto cumprindo a “missão de Deus”. Bolsonaro também dedicou parte da sua fala para elogiar Israel como exemplo de nação a ser seguida. “Olha o que eles não têm e o que eles são (referindo-se ao clima e geografia adversos e à tecnologia desenvolvida para produção agrícola). Nós temos tudo e olha o que não somos. O que nos falta? Falta fé”, acrescentou Bolsonaro.

    O presidente do STF, Dias Toffoli, por sua vez, fez questão de dizer que também “professa a fé no nosso Senhor Jesus Cristo” e destacou o caráter conciliatório dos evangélicos. “Estou diante de uma verdadeira usina de solução de conflitos”. Em seguida, foi a vez do presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, que iniciou a fala afirmando “ter a honra” de ser “filho da terra prometida”.”É o nosso judeu cristão”, brincou Toffoli.

    O clima do almoço foi de festividade e tietagem – uma longa fila se formou para cumprimentar o presidente e conseguir tirar uma selfie com ele. Antes do almoço de picanha, frango com ervas e macarrão, Bolsonaro arrancou risos da plateia ao citar a participação em um comício no interior de São Paulo no meio do ano passado. “Pré-campanha, para deixar bem claro, Toffoli”, ressaltou ele. “Jamais vou confessar qualquer crime aqui”.

    O evento também marcou o reencontro do presidente com o ex-senador Magno Malta, que o havia apresentado à maioria daqueles pastores durante a campanha eleitoral. Desde que perdeu a eleição para o Senado no Espírito Santo e não foi agraciado com nenhum ministério, Malta, o “vice dos sonhos”, segundo o próprio Bolsonaro, andava sumido. “Quase chorei. Que nunca mais nos afastemos”, comentou o presidente dirigindo-se a ele.

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    Apesar das autoridades de peso presentes, quem mais falou foi o pastor John Hagee, que lidera a igreja de Cornerstone, em San Antonio, no Texas. Líder do grupo “Christians United for Israel”, ele fez um apelo para que Bolsonaro mudasse a embaixada de Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. Ele narrou um encontro que teve com o presidente Donald Trump, a quem descreveu como alguém gracioso, cheio de compaixão e que “ouve muito”. “Ele me perguntou: ‘Será que vai começar uma guerra se eu reconhecer Jerusalém como capital eterna de Israel?’ Eu respondi: ‘Absolutamente não. Você reconhecer Jerusalém vai apenas sugar o oxigênio desse ambiente, vai até acelerar o processo de paz'”. Trump, então, lhe questionou como tinha tanta certeza disso. “É porque eu creio na Bíblia“, respondeu Hagee, sendo em seguida muito aplaudido pelos convidados.

    O pastor Silas Malafaia, que organizou o evento, complementou a argumentação de Hagee, dizendo que o Brasil não tem o direito de dizer a uma nação soberana onde é a sua capital. “O Brasil pertence à ONU, mas não é subserviente a ela”, completou. No ato final, ele chamou os representantes dos três poderes para subirem ao palco – ou púlpito, dependendo do ponto de vista – para uma oração, e declarou duas vezes: “O Brasil é do Senhor Jesus”.

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