A presidente do Instituto Lula, Ivone Silva, se licenciou do cargo e vai concorrer a uma vaga de vereadora em São Paulo. O PT aposta alto no potencial da candidata e já repassou mais de 1 milhão de reais para a campanha dela. O orçamento chama a atenção. Figura mais proeminente do partido na capital paulista, o vereador Arselino Tatto (PT), por exemplo, recebeu 903 mil para tentar a reeleição.
Além do dinheiro, Ivone tem recebido o privilégio de ter vários encontros com Lula, ministros e com o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) — tudo, evidentemente, registrado em fotos e vídeos.
Ivone tem uma longa história ao lado do tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que foi condenado na Operação Lava-Jato. No dia 1 de maio do ano passado, Dia do Trabalhador, ela fez várias selfies ao lado de Vaccari em São Paulo. “A festa tá boa! Estamos aqui juntos no 1º de Maio. Um Dia do Trabalhador histórico com a presença do presidente Lula”, comemorou a candidata nas redes sociais.
Sindicato dos Bancários, Bancoop e Gráfica Atitude
Ivone é bancária, tem 54 anos de idade e filiou-se ao PT em 1994. Ela foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, diretora da cooperativa Bancoop e administradora da Gráfica Atitude. Assumiu o Instituto Lula no ano passado.
Na Gráfica Atitude, a candidata assinou um contrato com um empresário que foi preso por desvios na Petrobras — um ardil para repassar dinheiro de propina para o PT. Na época, segundo as investigações da Polícia Federal, o ex-tesoureiro João Vaccari pediu que os recursos, 1,2 milhão de reais, fossem transferidos para a conta da gráfica.
O Ministério Público Federal decidiu arrolar Ivone como testemunha de acusação no processo contra Vaccari. Ivone se eximiu de responsabilidade. Afirmou em depoimento que os contratos da editora já chegavam “prontos” para ela assinar.