A receita do engenheiro que deixou a aposentadoria para ser primeiro lugar em concurso público

Ex-funcionário da Eletrobras, Ricardo Cunha passou os últimos sete anos estudando. Aposentado da empresa em 2013, ele entendeu que era preciso complementar sua renda, e viu uma carreira como servidor público no horizonte. Ciente da dificuldade de se reinserir no mercado de trabalho por sua idade, passou a se dedicar a aulas online e a cursinhos, em rotina que, agora, foi recompensada. Aos 67 anos, ele passou em primeiro lugar para analista de comércio exterior no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, pelo Concurso Público Nacional Unificado (CNU), o chamado “Enem dos Concursos”. 

Para os próximos anos, ele espera dar outro sabor à vida. Do Rio, Cunha vai se mudar para Brasília, onde passará os próximos sete anos no cargo, tempo máximo até ser obrigado a se aposentar mais uma vez, como determina a lei para o funcionalismo. Nesse tempo, espera que seja suficiente para interagir e criar vínculos com os novos colegas de trabalho. Engenheiro de formação, ele entrou na Eletrobras ainda em 1985, antes da obrigatoriedade de concurso para trabalhar na estatal. Por lá, ficou 30 anos. 

Até ser aprovado no Enem dos Concursos, contudo, trilhou um caminho conhecido para quem costuma apostar na carreira de servidor. Começou a se dedicar aos estudos em 2018, assistindo a vídeos na internet, antes de assinar, dois anos depois, um curso preparatório voltado para isso. Desde então, foram algumas tentativas frustradas, em diferentes órgãos, como o Tribunal de Contas e a Controladoria-Geral da União. 

O engenheiro conta que, em meio à sua trajetória, chegou a duvidar de sua capacidade e pensou em desistir, especialmente em razão da concorrência. Para o CNU, foram quatro horas diárias dedicadas aos estudos com aulas à distância, tempo que variava dependendo de sua motivação. Já aprovado, ele vai receber pouco mais de 20,9 mil reais. E celebra o ânimo novo que ganhou, por voltar a trabalhar.

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