Fontes da Polícia Civil revelaram a VEJA que Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, acusados de matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, presos na manhã desta terça-feira, 12, no Rio de Janeiro, já sabiam há pelo menos uma semana que seriam presos.
Desde que souberam da prisão iminente, os dois ex-policiais Lessa e Queiroz passaram a sair de casa todos os dias antes das 4 horas. Eles não pretendiam fugir, mas não queriam ser presos em casa, o que é considerado uma humilhação, ou “esculacho”, no jargão da criminalidade.
As fontes ouvidas por VEJA também afirmaram que a Delegacia de Homicídios não pretendia prender os dois homens nesta terça. O objetivo era mantê-los livres por mais tempo, na tentativa de descobrir os eventuais mandantes dos assassinatos.
O Ministério Público do Rio de Janeiro, no entanto, discordava da estratégia da polícia, e queria realizar as prisões antes do aniversário de um ano do crime.
A divergência entre as instituições foi uma das causas para que as entrevistas coletivas ocorressem separadamente. Pela manhã, a coletiva da Polícia Civil ocorreu no Palácio Guanabara, com a presença do governador Wilson Witzel. À tarde, foi a vez de o MPRJ chamar os jornalistas para falar da Operação Lume (nome dado em homenagem a Marielle, que participava do projeto Lume Feminista), que prendeu os dois ex-policiais, Lessa, acusado de atirar e Queiroz, de dirigir o veículo usado pelos criminosos.
Indagada sobre a razão de as entrevistas ocorrerem separadamente, a promotora Simone Sibílio afirmou, durante a coletiva, que geralmente essas entrevistas são realizadas na Cidade da Polícia ou nas dependências do MP, locais mais adequados do que no palácio do governo, como ocorreu pela manhã.