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Aécio recebeu R$ 30 milhões em propina no exterior, diz delator

Delator diz que tucano usou contas de amigos e trusts para receber propina. VEJA revelou que uma delas era situada em Nova York e controlada pela irmã dele

Por Daniel Pereira, Felipe Frazão, Hugo Marques, Marcela Mattos, Renato Onofre, Robson Bonin, Rodrigo Rangel, Thiago Bronzatto
Atualizado em 13 abr 2017, 10h41 - Publicado em 12 abr 2017, 21h17

O senador mineiro Aécio Neves, presidente do PSDB, recebeu 30 milhões de reais em propina em contas de amigos e empresas no exterior em contrapartida pela atuação dele em favor da Odebrecht na obra da Usina de Santo Antônio, em Rondônia.

De acordo com o delator Henrique Valadares, o tucano usou as contas de amigos, pessoas indicadas por ele e trusts para receber os cerca de 30 milhões de reais. No inicio de abril, VEJA revelou que uma das contas que teria recebido vantagens indevidas era situada em Nova York e controlada pela irmã do senador Andrea Neves.

Os pagamentos de propina no exterior foram acertados numa reunião entre Marcelo Odebrecht, Aécio e Valadares o início de 2008, no Palácio das Mangabeiras, sede do governo mineiro. De acordo com a delação de Valadares, Aécio e Marcelo combinaram os valores, e, afinal do encontro, o tucano informou ao delator que o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo iria procura-lo. “Após o encontro, Marcelo me disse no carro que tinha acertado um pagamento com Aécio em troca de apoio a obras de Jirau”, afirmou.

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Alguns dias depois da reunião no Palácio das Mangabeiras, Dimas Toledo encontrou-se com Valadares na sede da Odebrecht no Rio com a demanda do tucano: o pagamento de 30 milhões de reais. “Os pagamentos neste caso, ao contrário do que ocorreria, foram todos feitos no exterior. Em contas de amigos ou de empresas ou de trusts ou algo do gênero”, explicou Valadares em depoimento.

O delator afirmou que um dos destinatários da propina foi o empresário Alexandre Acciolly, dono da rede de academias Bodytech. Segundo Valadares, os pagamentos eram mensais e giraram entre um a dois milhões de reais.

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A Odebrecht também fez pagamentos ao tucano, através de caixa dois, durante as eleições de 2010 e 2014. Segundo o ex-diretor da empresa para Minas Gerais Sérgio Neves, ainda em 2009, Aécio pediu ajuda para a pré-campanha do senador Antônio Anastasia, que naquele ano concorria ao governo mineiro. O valor combinado foi de 1,8 milhão de reais pagos através de um contrato fictício entre a Odebrecht e a PVR Propaganda e Marketing Ltda, do marqueteiro do tucano Paulo Vasconcelos. No ano seguinte, segundo Benedicto Júnior, Aécio o procurou pessoalmente para solicitar mais doações para Anastasia. Os pagamentos, 5,475 milhões de reais, foram pagos pessoalmente a Oswaldo Costa e entregues em Belo Horizonte na concessionária da Minas Maquinas, na Avenida Raja Gabaglia, entre julho e outubro daquele ano.

Os pagamentos antecipados através do marqueteiro voltaram a acontecer em 2014, quando Aécio foi candidato à presidência da República. De acordo com Sérgio Neves, em janeiro, Benedicto Júnior acertou com o tucano um pagamento de seis milhões de reais através da empresa de marketing de Paulo Vasconcelos. Assim como ocorreu em 2010, foi firmado um contrato fictício entre a Odebrecht e a PVR Propaganda e Marketing Ltda para dar uma aparência legal ao pagamento. Ficou acertado um pagamento de três milhões de rais entre maio e junho. O restante seria pago até 2015, que acabou não sendo quitado segundo o delator. Além de pedir caixa dois para a sua campanha, Aécio também pediu recursos para aliados. De acordo com Benedicto Júnior, o tucano pediu nove milhões de reais que foram divididos entre Anastasia, Dimas Fabiano Toledo, Pimenta da Veiga  e Oswaldo Borges Costa.

O que diz Aécio

Em nota, o senador nega que tenha recebido 30 milhões de reais em contas no exterior. Aécio também nega que as doações citadas pelos delatores tenham ocorrido. Leia abaixo a nota enviada pela assessoria do tucano:

“Ao contrário do que afirma o título da matéria, Aécio não recebeu trinta milhões em conta no exterior. Também não procede a afirmativa de que pagamentos de propina no exterior teriam sido acertados em reunião entre Aécio e Marcelo Odebrecht e Valadares.

Mesmo os delatores tendo sido unânimes em enfatizar que tais recursos não envolviam nenhum ato ilícito, nem propina, nem contrapartida, é importante ressaltar que tais doações nunca ocorreram. Basta dizer que as obras do sistema elétrico mencionadas foram licitadas e conduzidas pelo governo federal do PT, sem nenhuma interferência possível do governo de Minas Gerais.

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Não existem as tais contas no exterior mencionadas, o que ficará claro no decorrer das investigações.”

O que diz Alexandre Accioly

Tenho os seguintes esclarecimentos a prestar diante de referência a meu nome em depoimento de ex-executivo da Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato:

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1. Não sou nem jamais fui titular de recursos de qualquer conta ou estrutura financeira em Cingapura.

2. Nunca recebi depósito em favor de terceiros em conta alguma no Brasil ou no exterior. Minhas declarações de bens comprovam a licitude dos recursos que ingressaram em minhas contas e que são resultado unicamente de minhas atividades empresariais.

3. Meu êxito profissional é fruto de suor e trabalho. Ao longo de minha trajetória, sempre agi com ética e respeito a valores e princípios republicanos. É o que de mais valioso  legarei a meus filhos.

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4. Vou ingressar com interpelação judicial e processo criminal contra o ex-executivo da Odebrecht e não descansarei até que tenha obtido a reparação devida.

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