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Agressor mudou comportamento e chamava Valdemiro de mentiroso

Vizinhos do barraco onde morava, em Santana do Parnaíba, afirmam que ele estava ansioso e desleixado nos meses que antecederam o crime

Por Vagner Magalhães
Atualizado em 11 jan 2017, 18h04 - Publicado em 11 jan 2017, 16h04

Jonatan Gomes Higino, 20 anos, preso sob a acusação de ter esfaqueado o pastor Valdemiro Santiago durante um culto da Igreja Mundial do poder de Deus no último domingo,  na região central de São Paulo, se queixou algumas vezes de um “pastor falso e mentiroso”, com quem precisava acertar as contas. Mas ninguém nunca levou a ameaça a sério, até pelo histórico pacato do rapaz. Só descobriram depois do crime que ele se referia a Valdemiro.

De acordo com dois pastores evangélicos de igrejas que o rapaz frequentava no bairro Cristal Park, na periferia de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, o jovem mudou de comportamento nos últimos meses. O rapaz, de origem humilde, e que morava sozinho em um barraco próximo à margem do rio Tietê, passou a demonstrar ansiedade e a descuidar da aparência, o que foi considerado uma novidade. A conversa também passou a ficar desconexa da realidade, segundo os relatos.

Pastor Paulo André, da Igreja Assembleia de Deus, ministério Cristal Park
Pastor Paulo André, da Igreja Assembleia de Deus, ministério Cristal Park (Vagner Magalhães/VEJA.com)

O pastor Paulo André, da Igreja Assembleia de Deus,  conta que há uns dois ou três meses percebeu uma mudança de comportamento do rapaz, justamente no que diz respeito aos cuidados pessoais. “Ele é uma pessoa simples, mas que sempre andou limpo, bem vestido. De um tempo para cá isso mudou um pouco. Ele ficou mais desleixado e com umas conversas um pouco diferentes”, disse ele.

Jonatan frequentou a igreja de Paulo nos últimos três anos. Sempre de bíblia na mão. “Eu sabia que ele ia de vez em quando também na Igreja Mundial do Poder de Deus, mas nunca imaginei que ele pudesse fazer uma coisa dessas. Certa vez ele me contou que tinha ido até lá e não havia gostado, que tinha se sentido ofendido. Mas não entrou em detalhes. Ele dizia que só ia lá quem tinha dinheiro”.

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Bispo Edimar dos Santos, da Assembleia de Deus Cristo Libertará
Bispo Edimar dos Santos, da Assembleia de Deus Cristo Libertará (Vagner Magalhães/VEJA.com)

O bispo Edimar dos Santos, da Assembleia de Deus Cristo Libertará, também no bairro, conta que a ligação do rapaz com a igreja de Valdemiro vem desde a adolescência, mas de forma espaçada. “Lembro que da primeira vez que ele foi lá e voltou com um carnê. Dizia que queria tirar a mãe da situação difícil em que viviam, que queria ser pastor”.

Nas vésperas do crime, Santos disse que Jonatan falava algumas coisas um pouco desconexas e que queria acertar as contas com um pastor “falso e mentiroso”. “Ele estava um pouco diferente, mudado. Sempre foi um garoto simples, amigo de todo mundo aqui. Quando eu vi na televisão o que aconteceu não acreditei que ele pudesse ter uma atitude dessas. Para nós todos aqui, é um grande mistério o que aconteceu”, disse.

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Segundo os vizinhos, Jonatan chegou ao bairro ainda adolescente, com a mãe e dois irmãos. Viveram juntos por cerca de três anos em uma casa alugada, até que se mudaram novamente. Logo em seguida, Jonatan voltou sozinho, construiu o seu próprio barraco, e passou a viver pequenos serviços prestados para os vizinhos, como cortar mato de terrenos ou ajudar em pequenas reformas dos imóveis do bairro.

A moradora Ana Paula da Silva conta que ele sempre estava ali na rua, onde costumava soltar pipas com jovens do bairro. “Sempre foi um menino tranquilo. Nem beber ele bebia. Estava sempre com um pacote de bolachas na mão e um refrigerante”, afirma.

O pizzaiolo Décio Pires da Silva diz que Jonatan frequentava a sua casa e que sempre foi bem relacionado com toda a vizinhança. “Ele era uma pessoa alegre, estava sempre rindo. Ajudava todo mundo e era ajudado também. Não acreditei quando vi na televisão o que aconteceu”.

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