Apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda restringir operações policiais no Rio de Janeiro a casos ‘excepcionais’, 624 ações no estado já foram comunicadas ao Ministério Público, desde a chacina do Jacarezinho que deixou 28 mortos em 6 de maio do ano passado até o dia 2 deste mês. O levantamento no órgão feito por VEJA aponta quase duas ações por dia. Na terça-feira, 24, intervenção das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte, resultou em 25 mortes e é considerada uma das mais letais da história recente da Região Metropolitana. Seis pessoas ficaram feridas, entre elas um perito da Polícia Civil.
Uma das vítimas morta por bala perdida foi a cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, que estava na Chatuba, que fica próxima à Vila Cruzeiro. Segundo a Polícia Militar, Gabrielle foi atingida por um tiro de longo alcance. A localidade onde ela estava não era alvo da ação policial. Em razão da pandemia, em 2020, ministros do STF decidiram restringir as operações. Desde então, já foram informadas ao Ministério Público 1.168 ações policiais em todo o estado.
De acordo com moradores da Vila Cruzeiro, foram 12 horas de confronto. A ação começou às 4h. Sem mandados de prisão, a operação visava coletar dados de inteligência sobre o deslocamento de 50 bandidos da Vila Cruzeiro, entre eles criminosos do de outros estados como o Pará, para a comunidade da Rocinha, na Zona Sul. O Ministério Público Federal e o Ministério Público do estado abriram procedimentos para investigar denúncias de desvios de condutas de agentes de segurança durante a operação.