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Após contato com óleo, voluntários relatam náusea, tontura e alergias

Os sintomas são observados até por quem fez o uso de máscaras, galochas e luvas. Em Pernambuco, são investigadas 19 intoxicações pelo petróleo

Por Estadão Conteúdo 25 out 2019, 09h49

Tontura, náuseas e alergias estão entre os sintomas relatados por voluntários de mutirões para remover óleo de praias pernambucanas. A situação é apontada até por quem usou máscaras, galochas e luvas — mas também é muito comum ver muitos ajudantes com os corpos expostos. Unidades médicas já têm criado postos de atendimento nas praias e orientado os profissionais de saúde sobre como lidar com esses casos.

“Estava puxando o óleo para a areia e me senti mal. Quando puxei o cheiro estava atípico, como de óleo concentrado”, conta a dona de casa Marília Clementino, de 31 anos. A moradora de Jaboatão dos Guararapes viajou cerca de uma hora até Paulista (PE), para ajudar na limpeza da Praia do Janga. No grupo, duas pessoas também se sentiram mal. Marília relata tontura e dor de cabeça, e atribui a reação ao uso inadequado da máscara.

Conforme a Secretaria Estadual de Saúde, são investigadas 19 intoxicações com suspeita de relação com o óleo. Segundo a pasta houve casos ligados ao contato com o poluente e também pelo uso indevido de solventes para remoção. “Temos visto pessoas procurarem unidades de saúde, mas eles informam que retiraram o óleo com benzina, gasolina, querosene”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Pescador há mais de 25 anos, Adalberto Barbosa, o Formigão, mora e trabalha em São José da Coroa Grande (PE). Desde os primeiros sinais de óleo, se juntou ao trabalho de limpeza. Na segunda, 21, vieram os sintomas. “Tive muita dor de cabeça e vomitei. Senti o corpo mole, como se estivesse com uma gripe daquelas. Mas só parei um dia. Fui medicado, me sinto melhor e continuo trabalhando.”

Dos 19 pacientes reportados, 17 foram em São José — os outros dois foram em Ipojuca. Marcello Neves, diretor clínico do Hospital Municipal Osmário Omena de Oliveira, diz que foram registrados dois tipos de reação ao óleo. Dos atendimentos, 70% foram de problemas de pele. “As pessoas tiveram dermatite de contato, apresentando coceiras e feridas na pele, além de dor de cabeça. Houve ainda pacientes que tiveram reações por inalar os gases que saem do óleo. Nesses casos, a maioria apresentou dor de cabeça, enjoos, vômito e tontura.”

Voluntários e representantes de colônias de pescadores baianos também relatam problemas. A bióloga e professora de surfe Carla Circenis, de 49 anos, ficou com os olhos inflamados e caroços na pele. “Mesmo tendo conhecimento de bióloga e até prevendo consequências, entrei na água. No outro dia, amanheci muito mal” conta. A Secretaria de Saúde da Bahia informou não ter registros de contaminação.

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