Após crise, Ministério da Saúde troca comando de hospitais federais no Rio
Médica Teresa Vannucci é ligada ao secretário municipal da pasta na capital fluminense, Daniel Soranz, nome de confiança do prefeito Eduardo Paes
O Ministério da Saúde confirmou, nesta segunda-feira, 29, a troca no comando do Departamento de Gestão Hospitalar no Rio, que há pouco mais de um mês tinha administração interina. A médica Teresa Navarro Vannucci foi a escolhida para gerir os seis hospitais federais no estado, que nos últimos meses foram motivo de dor de cabeça para a titular da pasta, a ministra Nísia Trindade. Vannucci, até então, ocupava o cargo de Subsecretária de Atenção Hospitalar da Prefeitura da capital fluminense. Ela chega para substituir Alexandre Telles, demitido após pressão política e de setores sindicais.
A nomeação de Vannucci como diretora do DGH foi publicada nesta segunda no Diário Oficial da União. Médica por formação, ela atuava até então na secretaria chefiada hoje pelo deputado federal Daniel Soranz, um dos nomes do círculo de maior confiança do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). A escolha de seu nome, no entanto, contraria pedidos de entidades sindicais, que se manifestavam contra sua indicação nos últimos dias.
Pressão política
Nomeado chefe do DGH desde o início deste mandato no Ministério da Saúde, o médico Alexandre Telles, que tem trajetória como líder sindical da categoria, deixou o posto em março deste ano. Depois de produzir relatório que identificava inúmeras irregularidades nos hospitais federais, além de indícios de corrupção, ele orientou pela centralização do controle das unidades, o que foi bem-visto por Nísia em um primeiro momento.
O movimento, contudo, desagradou a setores da política que controlavam a gestão desses hospitais na capital fluminense. A pressão feita por eles sobre a ministra foi o que motivou a demissão de Telles. Desde então, o departamento era comandado de maneira interina pela ex-deputada federal Cida Diogo (PT).
Omissão da Saúde
Apesar da demissão de Telles, o Ministério da Saúde criou, em março, comitê especial para identificar problemas nos hospitais federais e encontrar o melhor caminho para sua gestão. Inicialmente, a medida teria duração de 30 dias mas, na última semana, foi prorrogada por mais um mês. Ainda não há, no entanto, resposta oficial sobre qual será o modelo implementado nos seis hospitais federais após o fim do novo prazo.
Em audiência realizada nesta segunda, na Câmara dos Vereadores do Rio, justamente para questionar o futuro desta gestão, Nísia foi convidada, mas não compareceu. O coordenador do comitê gestor, Nilton Pereira Junior, foi indicado pela pasta para ir no lugar da ministra, mas também não pode estar presente. Já as entidades sindicais, que tinham reunião marcada com a titular da Saúde para esta terça-feira, já foram avisados de que o compromisso terá de ser remarcado.