Um artefato explosivo foi encontrado nesta segunda-feira em Porto Alegre, próximo ao Consulado da Alemanha. As faíscas foram vistas por dois homens que caminhavam na rua General Vitorino, no centro da capital gaúcha, por volta das 10h15 – eles pegaram extintores de incêndio em estabelecimentos comerciais da redondeza e apagaram o fogo, que chegou a queimar parcialmente um contêiner de lixo. Ninguém se feriu.
“Vi uma sacola e faíscas saindo dela. Coloquei a mão no peito do meu colega para ele parar e disse: ‘Cuidado aí, parece que vai explodir’”, relembra Sandro Cardoso, diretor do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs). A sede da entidade fica na mesma rua. “A sacola virou uma labareda, pegamos os extintores e apagamos antes que o pior acontecesse”, conta Cardoso.
A ação em Porto Alegre ocorreu dois dias após o encerramento do G20, em Hamburgo, na Alemanha. O encontro das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia foi marcado por diversos protestos contra globalização e o capitalismo. Diversos carros foram incendiados e as manifestações reuniram milhares de pessoas.
Na capital gaúcha, a sacola contendo uma garrafa plástica de dois litros com líquido inflamável foi colocada atrás do carro consular oficial. O automóvel possui a placa na cor azul – que indica que o veículo pertence a órgãos internacionais e representações diplomáticas estrangeiras – e costuma ficar estacionado na rua, perto do Consulado da Alemanha.
Durante a perícia no local, policiais não descartam a hipótese de que o ato esteja ligado aos protestos contra o G20. O cônsul-geral de Porto Alegre, Stefan Traumann, informou que não se manifestará antes da conclusão das investigações. A Polícia Federal enviou técnicos do Grupo de Bombas e Explosivos e cães farejadores e está acompanhando o caso.
O cientista político e professor de Relações Internacionais da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Bruno Lima Rocha, não descarta a possibilidade de relação do artefato com os protestos da cúpula econômica. “Pode ser o caso de algum tipo de transferência ideológica dos protestos contra o G20. Não seria uma surpresa existir algum tipo de inspiração”, afirma.
Segundo Rocha, as manifestações de Hamburgo podem ter ganhado uma “escala mundial”, mesmo que em atos isolados. No caso de Hamburgo, os protestos foram tanto ideológicos quanto políticos, diz Rocha. Ideológicos porque tinham caráter “anticapitalista” e políticos porque rejeitavam figuras específicas, como Donald Trump, por exemplo.