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Artigo: Uma grande bênção chamada Amazônia

Lideranças religiosas de diferentes tradições apontam a importância do principal ecossistema do país -- e as ameaças que ele enfrenta

Por Especial para VEJA
7 set 2023, 12h25

Quem foi o primeiro europeu a chegar ao Brasil? Se você respondeu Pedro Álvares Cabral, está errado. Em janeiro de 1500, ou seja, três meses antes dele desembarcar em Porto Seguro, o espanhol Vicente Pinzón chegou em algum local do litoral de Pernambuco ou Ceará, em uma expedição patrocinada pela Coroa espanhola. A partir dali, navegou rumo ao norte chegando então à foz de um rio gigantesco, a ponto de tornar doce a água do mar. Muito impressionado, o chamou de “Mar Dulce”. Décadas mais tarde, a partir de outra expedição espanhola, esse rio foi rebatizado como Amazonas.

Passados mais de 500 anos da chegada dos primeiros europeus na Amazônia, ela continua impactando para sempre a mente de qualquer pessoa que tenha o privilégio de visitá-la. No entanto, mais de 10 mil anos antes da chegada de Pinzón, centenas de povos indígenas já haviam descoberto, se estabelecido e florescido na Amazônia. Há milhares de anos sua grandeza e riqueza nos mais diferentes contextos tem despertado a admiração, interesse e também a cobiça de gerações de pessoas. Mas sua história começa muito antes da chegada dos seres humanos.

Embora 50 milhões de anos atrás praticamente toda a América do Sul fosse coberta por florestas, a Amazônia como um ecossistema independente começa a ser formada há cerca de 30 milhões de anos. É aproximadamente a partir dessa época que começam a surgir ecossistemas mais secos no interior do Brasil, fenômeno que separa as florestas que hoje conhecemos como Amazônia e Mata Atlântica.

Outro momento geológico importante para ela foi o surgimento da cadeia montanhosa dos Andes que, há cerca de 10 milhões de anos, bloqueou antigos cursos d’água que desaguavam no Oceano Pacífico, contribuindo para a formação do curso contemporâneo do Rio Amazonas.

“A Amazônia está conectada com diversas questões fundamentais para a vida, provendo a humanidade com inúmeros serviços ecossistêmicos, que são benefícios obtidos da natureza pelo simples fato de sua existência”

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Atualmente, é a maior floresta tropical do mundo. Apenas em sua porção brasileira cobre mais de 4 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a cerca de metade de todo o território do Brasil. Aproximadamente 60% de toda a Amazônia está em território brasileiro, enquanto o restante se estende por áreas em outros 8 países da América do Sul. Se fosse considerada independente, estaria entre os dez maiores países do mundo em extensão territorial.

A maior floresta tropical do mundo abriga o maior rio do mundo, o Amazonas , com cerca de 7.000 quilômetros  de extensão. Guarda também a mais rica biodiversidade do planeta. Estimativas apontam que por volta de 15% de todas as espécies do planeta podem ser encontradas na Amazônia. Entre tantos animais e plantas estão verdadeiros gigantes, como os maiores besouros, mariposa, peixe de água doce e ave de rapina do mundo, bem como uma das maiores serpentes, árvores que ultrapassam os 80 metros de altura, folhas com mais de 2 metros de altura… Essa lista também é extensa. Em muitos aspectos, é u m lugar de superlativos.

Além de bichos e plantas, a Amazônia também é o lar de muita gente. Já se discorreu anteriormente sobre o espanhol Vicente Pinzón, o qual relatou que as margens do Rio Amazonas eram densamente povoadas. Antropólogos estimam que, antes da chegada dos europeus, a Amazônia tenha sido habitada por até 3 milhões de indígenas.

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Atualmente, cerca 440 mil indígenas, divididos em 180 povos, ainda vivem na Amazônia, que também é morada de grandes populações urbana e tradicionais como ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, agricultores familiares, piaçabeiros, peconheiros, entre outras.

Mesmo vivendo longe da floresta, muita gente, ainda que não saiba, depende dela de inúmeras formas. A Amazônia está conectada com diversas questões fundamentais para a vida, provendo a humanidade com inúmeros serviços ecossistêmicos, que são benefícios obtidos da natureza pelo simples fato de sua existência. Eles incluem desde alimentos como o açaí, passando pelo princípio ativo de inúmeros remédios, até a regulação do ciclo da água e também  do clima mundial.

Apesar de toda sua grandiosidade, simbolismo e importância, a Amazônia tem acumulado recordes de desmatamento, com cerca de 20% da sua área original já perdida. Além de fazer parte da nossa identidade, a maior floresta tropical do mundo resulta em inúmeras oportunidades para o Brasil, mas também em muita responsabilidade. Cada vez mais se vem acompanhando atentamente nossa relação com a floresta, mas muito além de repercutir na imagem internacional do Brasil, conservar a Amazônia é um dever do país que se intitula “gigante pela própria natureza”.

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Por tudo isso, não é impróprio dizer que a Amazônia é uma bênção dada ao povo brasileiro para ser apreciada, desfrutada, cuidada, aprendida, desenvolvida e amada. Que sejamos capazes de mobilizar o melhor da nossa ciência, espírito trabalhador e criativo e crenças, fé e espiritualidades para que ela  continue sendo essa fonte de vida em abundância para sempre!

Assinam este artigo:

  • Pastora Romi Marcia Bencke – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC
  • Reverendo Agnaldo Pereira Gomes – Religiões pela Paz Brasil
  • Reverendo Áureo Rodrigues de Oliveira – Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
  • Rabino Guershon Kwasniewsk – Representante do Diálogo Interreligioso da Confederação Israelita do Brasil – CONIB
  • Sheik Mohamad Bukai – Diretor e representante da União Nacional Islâmica – UNI
  • Padre Marcus Barbosa – Igreja Católica
  • Carlos Vicente – Coordenador Nacional da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil – IRI Brasil
  • Sacerdotisa de candomblé Angola Mametu Nangetu – Instituto Nangetu de Tradição Afro Religiosa e Desenvolvimento Social
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