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Pichador explica por que decidiu escrever doze ‘doria’ em muro

Iaco Viana disse que escreveu no muro da Avenida 23 de maio para ver o prefeito de São Paulo apagando o próprio nome

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h20 - Publicado em 27 jan 2017, 18h41

Na última terça-feira,  Iaco Viana participou de mais um capítulo da disputa entre a Prefeitura de São Paulo e grupos de grafiteiros e pichadores. No conflito aberto pelos muros da cidade, Viana escreveu doze vezes o sobrenome do prefeito paulista João Doria no muro recém pintado de cinza na Avenida 23 de Maio. Cerca de uma hora depois, funcionários do município apagaram a pichação. Em entrevista por email a VEJA, ele contou que decidiu escrever ‘doria’ para obrigar o prefeito a apagar o próprio nome. “O nome é tudo que você tem, é a sua identidade”. Sobre o enquadramento da pichação como crime ambiental, diz: “Ser proibido é a essência da pichação”.

Por que você resolveu escrever o nome Dória na 23 maio? Praticamente tudo que eu faço é baseado em numerologia e estudos. Escrever 12 vezes o nome *dória é primeiramente um símbolo, porque é um número que representa muitas coisas no sistema numérico (meses de ano, horas diurnas horas noturnas, doze apóstolos,doze signos, etc). Agora sobre a palavra ‘dória’: nada melhor do que escrever o nome da pessoa que está proibindo algo. Quando alguém manda apagar o próprio nome é como se estivesse apagando a si mesmo, destruindo seu ego. O nome é tudo que você tem, é a sua identidade.

Como você planejou a ação? Pensou, por exemplo, nos riscos? Pensei em como fazer algo diante das situações ocorridas. Como fazer com que as pessoas pensassem a respeito. Esse é o papel da arte. Risco a gente corre todo dia ao sair para fora do portão de casa.

Como você classifica o que você fez? É arte, protesto, grafite ou pichação? Estudei arte praticamente minha vida inteira e continuo estudando e aprendendo. Não gosto de pôr rótulos no que faço, tipo grafiteiro ou pichador. Isso limita a pessoa. Não faço somente isso na vida: a arte é muito ampla. Já estudei artes visuais e publicidade, já dei aula de educação artística, já dei aula de desenhos para índios… Na escrita ou no desenho, seja no muro ou na tela, tem que se comunicar com a pessoa de alguma forma. Nós vivemos em uma das maiores metrópoles do mundo e fazemos com que as pessoas por instante saiam um pouco da rotina e observem a cidade. Isso é um feito.

Quais são, por exemplo, as tuas maiores referências? Minhas referências são as pessoas, e o mundo que nós vivemos. Além dos artistas como Modigliani, Miró, Rembrandt, Renoir e das músicas que escuto.

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A pichação é enquadrada na lei como crime ambiental. Deveria ser liberada? Ser proibido é a essência da pichação, porque somente assim quem realmente vive isso irá fazer as tipografias na rua. Eu comecei meu primeiro contato com a rua através da pichação e vendo graffitis em São Paulo.

O que você diria a quem teve a casa pichada? Infelizmente não tem muito o que fazer a não ser apagar. Mas ela nunca pode esquecer que pode ser seu filho, seu primo.

Onde você costuma grafitar/pichar? Geralmente em lugares abandonados ou em muros que já tem previamente algum grafite ou pichação ou em lugares deteriorados. Nunca monumentos ou patrimônio histórico.

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