O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira os vídeos da delação premiada de sete executivos da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, incluindo os donos da empresa, Joesley e Wesley Batista.
Assista abaixo aos depoimentos dos empresários, que causaram uma hecatombe política em Brasília ao citar o presidente Michel Temer, os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os ministros Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (PRB), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP) e Marta Suplicy (PMDB-SP), entre outros.
Joesley Batista (dono da JBS)
Joesley Batista afirma que a JBS pagou 500 milhões de reais em propina a políticos, entre doações oficiais de campanha e caixa dois. Desse valor, 400 milhões de reais diziam respeito a contrapartidas por benefícios às empresas.
Joesley Batista relata encontro em que gravou o presidente Michel Temer, que consentiu com pagamentos ao ex-deputado Eduardo Cunha e o operador financeiro Lúcio Funaro, ambos presos, para mantê-los “calmos”. Ele também narra encontros gravados com o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures, indicado por Temer para atender interesses da JBS no governo, e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria pedido 2 milhões de reais para pagar um advogado.
Joesley Batista fala sobre a influência do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no BNDES em favor da JBS. Foi por ordem de Mantega que Joesley abriu no exterior duas contas para depositar a propina que, diz ele, era destinada aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. No total, o valor depositado nas duas contas chegou a 150 milhões de dólares.
Joesley Batista detalha o pagamento de propinas ao PT referentes a aportes do BNDES e de fundos de pensão em empresas do grupo J&F.
Joesley Batista trata de aportes do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) em empresas do grupo J&F. Ele fala do papel do operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro nestas negociações, que renderam 170 milhões de reais em propina entre 2011 e 2016 ao grupo de Eduardo Cunha. Segundo o delator, Funaro falava em nome de Cunha e Cunha falava em nome do então vice-presidente Michel Temer.
Joesley Batista relata a influência de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro em setores do Ministério da Agricultura, que rendeu propina a ambos.
Joesley Batista fala das negociações com Eduardo Cunha na tramitação da desoneração tributária do setor de frango, que rendeu 20 milhões de reais ao peemedebista.
Joesley Batista fala sobre o pagamento de 30 milhões de reais a Eduardo Cunha, que serviram à “compra” de deputados em sua eleição à presidência da Câmara.
Joesley Batista afirma que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB), recebeu repasses de 6 milhões de reais em troca da aprovação de um empréstimo de 2,7 bilhões de reais junto à Caixa, onde ele apadrinhava um diretor.
Joesley Batista relata que o deputado federal João Carlos Bacelar (PR-BA) pediu 150 milhões de reais para comprar 30 votos contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O empresário autorizou o pagamento de cinco votos por 3 milhões de reais cada.
Joesley Batista diz que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu a ele que recebesse dinheiro em uma conta em Nova York em nome do petista.
Joesley Batista narra que a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) recebeu 1 milhão de reais da JBS a pretexto de auxílio à campanha eleitoral de 2010. Outros 3 milhões, segundo Joesley, foram repassados em troca de “possíveis negócios caso Marta Suplicy vencesse a eleição para a Prefeitura de São Paulo”.
Joesley Batista diz que o senador José Serra (PSDB-SP) foi destinatário de 20 milhões de reais. O dinheiro foi repassado, diz ele, a pretexto de auxiliá-lo em campanha eleitoral.
Joesley Batista conta ter repassado 30 milhões de reais ao ex-ministro Antonio Palocci como colaboração à campanha de Dilma Rousseff em 2010.
Joesley Batista trata das operações irregulares de emissão de créditos entre os bancos Original, do grupo J&F, Rural e BMG, que ficaram conhecidas como “troca de chumbo”.
Joesley Batista esclarece à Procuradoria-Geral da República que são “bravatas” os trechos da gravação do presidente Michel Temer nos quais o empresário aparece dizendo que comprou por 50.000 reais mensais um procurador da Operação Greenfield, que investiga a holding J&F, e estaria “segurando” dois juízes responsáveis pelo caso.
Juiz instrutor do STF cita termos da delação premiada de Joesley e o empresário explica por que procurou o Ministério Público Federal.
Wesley Batista (dono da JBS)
Wesley Batista cita negociações de propina com o ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB-MT) por compensações tributárias. Vantagens indevidas a Barbosa foram de 10 milhões de reais anuais entre 2011 e 2013.
Wesley Batista relata pagamentos de 24,5 milhões de reais em propina ao ex-governador do Ceará Cid Gomes em troca da liberação do pagamento de créditos de exportações pelo governo cearense a uma empresa do grupo J&F. Do dinheiro, 4,5 milhões de reais foram pagos à campanha de Gomes em 2010, e os 20 milhões de reais restantes à campanha do atual governador, Camilo Santana (PT), em 2014, a pedido do ex-governador.
Wesley Batista fala de pagamento de propinas aos ex-governadores do Mato Grosso do Sul Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB) e ao atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), referentes a reduções de ICMS.
Wesley Batista cita pagamento de 11 milhões de reais ao operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, referente à compra de um frigorífico.
Wesley Batista relata pagamentos de propina de 350.000 reais ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.
Os procuradores questionam Wesley sobre as revelações da delação de seu irmão, Joesley, sobre políticos.
Juiz instrutor do STF cita termos da delação premiada de Wesley e o empresário explica por que procurou o Ministério Público Federal.
Ricardo Saud (diretor de relações institucionais da JBS)
Ricardo Saud fala a respeito de quatro parcelas de 500.000 reais que entregou a Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), e dos pagamentos feitos pela JBS a emissários do ex-deputado Eduardo Cunha e do operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro.
Ricardo Saud cita que o PT ordenou que fossem repassados 35 milhões de reais de sua conta-corrente da propina com a JBS aos senadores do PMDB Renan Calheiros, Vital do Rêgo, Valdir Raupp, Eduardo Braga, Jader Barbalho e Eunício Oliveira, que ameaçavam não apoiar Dilma Rousseff em 2014. Ele também fala em propina a candidatos petistas indicados por Edinho Silva naquele ano e na compra de partidos políticos à campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Ricardo Saud relata pagamentos de propina à campanha de Dilma Rousseff em 2014, referentes a aportes do BNDES e de fundos de pensão em empresas do grupo J&F. Candidatos a governador pelo PT como Alexandre Padilha, Fernando Pimentel e Gleisi Hoffmann também receberam propina disfarçada de doações eleitorais.
Ricardo Saud detalha como se deram os pagamentos de propina ordenados pelo PT a senadores do PMDB e a partidos que compuseram a chapa encabeçada por Dilma Rousseff em 2014.
Ricardo Saud trata de propinas pagas ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.
Ricardo Saud cita um “mensalinho” ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), entre 2013 e 2014.
Ricardo Saud relata 10 milhões de reais em propina ao governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), dos quais 8 milhões disfarçados de doação eleitoral e 2 milhões em dinheiro vivo.
Ricardo Saud diz que o ex-senador Delcídio do Amaral recebeu um “mensalinho” de 500.000 reais mensais durante dez meses enquanto era candidato ao governo do Mato Grosso do Sul, em 2014.
Ricardo Saud descreve como se deu a divisão de 15 milhões de reais repassados a Michel Temer da conta-corrente da propina do PT. Segundo Saud, 1 milhão teve o próprio Temer como beneficiário.
Ricardo Saud relata pagamentos de propina de 80 milhões de reais ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), divididos entre emissão de notas frias e compra de partidos que compuseram sua coligação na eleição presidencial de 2014. Também houve quatro entregas de 500.000 reais em dinheiro vivo.
Segundo Ricardo Saud o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, recebeu 5 milhões de reais para ajudar na aprovação de uma medida provisória que tratava da cobrança de PIS e Cofins, um tema de grande interesse da companhia.
Ricardo Saud cita pagamentos de propina de 27 milhões de reais à campanha do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), dos quais 20 milhões disfarçados de doações eleitorais oficiais e 7 milhões de reais em dinheiro vivo, a pedido do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Ricardo Saud fala em propina ao governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), e ao seu filho, o deputado federal Fábio Faria (PSD), por meio de doações oficiais disfarçadas, dinheiro vivo e notas frias de escritórios de advocacia.
Ricardo Saud diz que a JBS fez pagamentos a políticos para que eles não atuassem contra os interesses da empresa ou pudessem ajudá-la quando eleitos. São os casos dos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do Paraná, Beto Richa (PSDB), de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), além do ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) e do ministro das Cidades, Bruno Aráujo (PSDB), entre outros.
Ricardo Saud cita pagamentos de 2,5 milhões de reais em propina a Luiz Fernando Emediato, então assessor especial do Ministério do Trabalho, para que ele aumentasse a fiscalização às condições de trabalho em frigoríficos de pequeno porte.
Ricardo Saud descreve os quatro pagamentos em parcelas de 500.000 reais em dinheiro vivo a Frederico Pacheco de Medeiros, primo e emissário do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Três entregas foram filmadas pela Polícia Federal.
Ricardo Saud relata pagamento de propina a Roberta Funaro, irmã do operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro.
Ricardo Saud relata pagamento de 500.000 reais em dinheiro vivo ao deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), emissário indicado pelo presidente Michel Temer coletar dinheiro sujo e para atender demandas da JBS no governo.
Juiz instrutor do STF cita termos da delação premiada de Saud e o executivo explica por que procurou o Ministério Público Federal.
Valdir Aparecido (diretor de tributos da JBS)
Demilton Antonio de Castro
Florisvaldo Caetano de Oliveira