A definição antológica da relação da Odebrecht com o governo – qualquer governo – veio da boca de Emílio Odebrecht. Disse ele, referindo-se aos presidentes Lula, Hugo Chávez (Venezuela) e José Eduardo dos Santos (Angola): “Eu nunca tive com eles uma relação só de empresa. Sempre procurei ter com qualquer autoridade, principalmente nesse nível, uma preocupação voltada para os interesses do país e os interesses deles como chefes de governo.” O grupo político do presidente Michel Temer, ora no poder, bebeu com gosto nessa fonte. O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, mandou abrir inquéritos contra oito dos 28 atuais ministros, entre eles Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral), os principais auxiliares de Temer. O inquérito contra os ministros não será concluído tão cedo, mas o desgaste político do governo é imediato – e caiu como uma bomba. Temer procurou mostrar serenidade e passar a impressão de que o governo continua a operar normalmente. Mas o material das delações revelado até agora não deixa dúvida: um cataclismo desponta no horizonte dos atuais ocupantes do poder.
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