Ato em memória de Marielle é cancelado por causa do coronavírus
Manifestação estava marcada para o sábado, quando morte da vereadora completa dois anos. Instituto pediu que apoiadores façam gesto simbólico em casa
O ato em memória da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados no Rio de Janeiro no dia 14 de março de 2018, foi adiado em virtude do surto do novo coronavírus no Brasil. A manifestação principal aconteceria no centro do Rio. Em publicação feita no Instagram na noite de quinta-feira 12, o Instituto Marielle Franco afirma que o risco de contaminação exponencial e a eventual escassez de leitos em hospitais destinados ao atendimento de pacientes foram fatores que motivaram o cancelamento das atividades.
“O número de pessoas contaminadas com o vírus nos próximos dias deverá ser muito maior do que a quantidade de leitos disponíveis dos hospitais. Isso quer dizer que serão as pessoas mais pobres, em geral mulheres, pessoas negras e moradoras de favelas e periferias, que mais estarão vulneráveis ao vírus que ainda não tem vacina. Marielle passou a sua vida lutando para defender a vida de todas as pessoas, principalmente dessas pessoas que não têm os seus direitos garantidos. Pensando em tudo isso e na nossa responsabilidade enquanto Instituto Marielle Franco de não aumentar o risco de contaminação, decidimos alterar a programação do nosso Dia de Ações por Marielle e Anderson, cancelando as atividades que reuniriam grandes quantidades de pessoas”, diz um trecho da nota.
Apesar do adiamento, a organização está convocando “um grande amanhecer por Marielle e Anderson” na manhã do sábado. “Pendure uma faixa, lenço, pano amarelo ou girassol na sua janela ou laje ou varanda a partir das 7h deste sábado”, diz a publicação, que também pede que os apoiadores do ato publiquem uma foto em suas redes sociais com a hashtag #JustiçaPorMarilleEAnderson.
Mais cedo, também na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro pediu, durante sua live nas redes sociais, e em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, aos seus apoiadores que adiassem as manifestações do próximo domingo, em apoio ao seu governo – o presidente aproveitou a ocasião para defender os atos, que, segundo a sua avaliação, são “espontâneos e legítimos” e de interesse do país.