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Bandeira de Mello diz que Câmara do Rio é alvo de interesses de milicianos

Candidato da Rede ironizou episódio em que atual prefeito ofereceu vantagens a fiéis evangélicos em cirurgias de catarata

Por Marina Lang Atualizado em 28 out 2020, 11h44 - Publicado em 28 out 2020, 11h40
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  • O presidente Eduardo Bandeira de Mello garantiu a permanência do time na primeira divisão
    Eduardo Bandeira de Mello, candidato à Prefeitura do Rio pela Rede (Celso Pupo/Fotoarena/VEJA)

    A ausência do tempo de televisão para sua campanha é considerada um entrave por Eduardo Bandeira de Mello (Rede Sustentabilidade), terceiro candidato a prefeito nas eleições municipais do Rio de Janeiro entrevistado na série de sabatinas VEJA E VOTE na manhã desta quarta-feira, 28.

    Em entrevista conduzida pelos colunistas Dora Kramer e Ricardo Rangel e pelo repórter Ricardo Ferraz, Bandeira de Mello falou sobre as propostas de sua campanha, fez uma crítica sutil ao atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), falou sobre os interesses milicianos na Câmara dos Vereadores do Rio e comentou a falta de espaço na propaganda política televisiva. Ele também propôs a formação de um comitê de saúde para a retomada das aulas durante a pandemia do coronavírus.

    “Gostaria muito de poder participar [da campanha de TV], principalmente naquelas inserções que acontecem no horário nobre. Acho que nem todas as pessoas têm acesso a redes sociais. Seria importante que o horário eleitoral fosse distribuído de maneira mais justa”, avaliou o candidato.

    “Independentemente de qualquer coisa, se eu tivesse me associado a um partido de moral duvidosa ou de passado incerto só para ter esse tempo de televisão… Eu poderia ter contornado essa dificuldade, mas a Rede Sustentabilidade se pauta por princípios e valores que são inegociáveis”, pontuou.

    Mesmo ceifado do horário eleitoral na TV, Bandeira de Mello, que também é ex-presidente do Flamengo, aparece com 3% das intenções de voto nas últimas pesquisas. Ele vem negando que vai desistir da campanha para um eventual apoio à candidatura de Martha Rocha (PDT), hipótese que começou a ser ventilada pela imprensa nesta semana.

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    “Fala com a Márcia”

    Perguntado sobre como conduziria a questão da saúde em plena pandemia do coronavírus, quando se constataram 25% dos leitos ociosos do estado na rede municipal de saúde, o candidato afirmou que o tema será resolvido com gestão, “competência e vergonha na cara”.

    “É um absurdo a gente ver pessoas se aproveitando de uma situação calamitosa para atender seus interesses políticos, pessoais e econômicos também. É preciso aproveitar a capacidade ociosa no sistema de saúde. É fundamental que a gente restabeleça a prioridade no sistema de atenção básica, é nele em que se resolvem 90% dos problemas de saúde. Já tivemos mais de 70% da população atendida pelas Clínicas da Família e hoje temos menos de 50%. Temos que recuperar esse tempo perdido”, avaliou.

    A ideia de sua gestão, de acordo com ele, é digitalizar a administração de saúde para se ter uma “fila no sistema democrática, eficiente e sem privilégios”.

    Ele aproveitou o tema para lembrar do episódio em que o atual prefeito Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, fez uma reunião com líderes evangélicos e autorizou que eles furassem a fila de cirurgias de catarata e pedissem vagas para fiéis a uma assessora do mandatário.

    “Você não pode entrar numa fila e, de repente, saber que se você conhecesse a Márcia, você poderia ter pulado a fila para fazer uma operação de catarata”, provocou Bandeira de Mello.

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    Combate às milícias

    Questionado pela colunista Dora Kramer sobre como colocaria o plano em prática em decorrência da atuação das milícias – estas, muitas vezes, em conluio com o tráfico e com o poder público, conforme mostrou VEJA em reportagem especial na edição desta semana, o candidato citou o restabelecimento da ordem pública.

    “A gente sabe que essa questão das milícias é uma questão policial, e o protagonismo nas ações policiais, mesmo dentro da cidade, é do estado do Rio de Janeiro, que controla as polícias Civil e Militar. Mas a Prefeitura tem um trabalho muito importante para fazer aí também. A Prefeitura deve ocupar o espaço público que foi deixado para que o poder paralelo se instalasse”, observou. “Temos problemas sérios em relação à ocupação irregular de terrenos de encostas, atividade imobiliária ilegal sendo desenvolvida por esses criminosos e transporte ilegal. Onde o poder público se omite, o poder paralelo se instala. A prefeitura, embora não tenha poder de polícia, ela pode, através de vários mecanismos – inclusive através da Guarda Municipal – coibir a atividade desses grupos criminosos”, prosseguiu.

    Ele também mencionou o que chama de “ocupação do espaço público por pessoas inescrupulosas”.

    “A Câmara dos Vereadores, por exemplo, muita gente diz que sofre com os interesses desses grupos [milicianos]. Estamos na iminência de uma eleição agora em 15 de novembro e povo carioca vai ter a oportunidade de eleger uma boa Câmara de Vereadores. Acho que existem vários partidos que apresentam padrões de valores éticos e morais que nunca estiveram envolvidos com esse tipo de crime. A população tem que ficar atenta porque quando você vota no vereador, você vota no partido. Você pode ter um excelente vereador que está em um partido envolvido com o crime”, refletiu.

    Recuperação econômica

    A ideia do candidato para recuperação econômica da cidade durante a pandemia é atrair empresas e investimentos para o município.

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    “Isso é fundamental para recuperar a nossa situação fiscal. O Rio de Janeiro tem vocação para os serviços e a principal fonte de receita da Prefeitura é o ISS [Imposto sobre Serviço]. Então nós vamos atrair empresas para o Rio. Como que nós vamos fazer isso? Em primeiro lugar nós vamos melhorar o ambiente de negócios desburocratizando de maneira radical tudo o que diz respeito à administração municipal”, disse ele.

    Bandeira de Mello, que é ex-executivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), também afirmou que vai trazer sua experiência de 36 anos na instituição para a administração municipal. “Nós vamos ajudar as empresas a formular seus planos de negócios e, inclusive, ajudá-las a obter financiamento. Fazíamos isso no BNDES. O que mais fiz foi o fomento de atividades empresariais. Vamos precisar carregar essas empresas no colo para que elas venham a se instalar no Rio de Janeiro. A equipe que vou levar para a Prefeitura me ajudou, também, no BNDES”, informou.

    Educação da rede municipal e a pandemia

    O candidato da Rede Sustentabilidade também propôs a criação de um comitê formado por especialistas em saúde para fazer a volta às aulas de maneira segura.

    “Estamos vendo flexibilização das praias, dos espetáculos, coisas que são menos nobres, e menos da educação. Educação, para mim, é fundamental, a prioridade das prioridades. Só vamos conseguir fazer a flexibilização com segurança se tivermos um comitê com o protagonismo de agentes de saúde pública. Eles vão consultar e estar em contato permanente com as autoridades de educação, de transporte, de lazer, de esporte, de cultura para se chegar a uma forma segura de flexibilizar”, afirmou.

    Outro problema sério, segundo Bandeira de Mello, é que 64% das escolas municipais estão em situação precária em termos de conservação e manutenção. “Se você vê algumas escolas particulares voltando com segurança porque têm condições de salubridade para oferecer aos seus alunos uma volta segura, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro não tem. Então nós temos que atacar tudo isso, e nós vamos atacar de maneira integrada nesse comitê”, declarou.

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    Guarda Municipal

    Na visão do candidato, a Guarda Municipal tem um papel fundamental como força auxiliar das demais forças de Segurança, cujo controle compete ao governo estadual.

    “Ela não tem a força de polícia e nós vamos ter que ter uma relação muito boa com o governo estadual, que tem a Polícia Militar e a Polícia Civil. Como a Guarda Municipal pode atuar? Primeiramente, através de mecanismos de inteligência tentando identificar pontos em que determinadas ocorrências de crime são mais comuns e, com isso, auxiliar melhor a fiscalização e o policiamento”, elencou.

    “Vou te dar um exemplo: 50% dos roubos de rua do Rio de Janeiro acontecem em menos de 1% do território. Essa informação é uma informação superimportante para que você possa direcionar o esforço de policiamento. Outra coisa que a gente tem que ter é uma integração permanente da Polícia Militar e da Polícia Civil com a Guarda Municipal. Além disso, a Guarda Municipal pode atuar, e deve atuar também em várias outras questões, como coibir a violência doméstica, em prédios públicos que têm que ser vigiados e ser bem-tratados”, prosseguiu Bandeira de Mello.

    Reforma da Previdência e privatização da Comlurb

    Ele classificou o estado das contas do município como uma “situação caótica”.

    “A margem para investimentos é praticamente nula. Vamos ter que atuar eliminando desperdícios, cortando cargos em comissão, revendo contratos. Ainda que essa economia não seja expressiva [quando se compara] a receita e a despesa do município, ela vai servir para dar exemplo. É fundamental dar o exemplo sendo austero e responsável para que você possa, inclusive, resistir a pressões”, declarou.

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    A Reforma da Previdência é um ato obrigatório, segundo Bandeira de Mello. “Vai ter que ser feita, não tem jeito. Vamos ter que mexer na alíquota – isso já deveria ter sido feito, isso está em lei – então, não há como escapar”, disse.

    No entanto, o candidato discorda de uma possível privatização da companhia de limpeza urbana, a Comlurb.

    “O essencial é você tornar a Comlurb uma empresa-modelo, uma empresa eficiente como já foi no passado, já foi uma empresa exemplar. Há um trabalho muito sério para se fazer na gestão dos resíduos sólidos. A Comlurb, desde que seja focada para os seus principais objetivos e que você trabalhe com ela com responsabilidade, com austeridade e buscando a eficiência, ela pode funcionar muito vem sem a necessidade de ser privatizada nesse momento”, afirmou.

    Transporte público

    Para o candidato da Rede, o transporte público na cidade é uma “questão de inverter a relação de poder”.

    “Por quê? Hoje, a Prefeitura deveria controlar o transporte público na cidade. No entanto, é o transporte público que controla a Prefeitura. Isso por conta de várias questões mal-explicadas e mal-conduzidas do passado. Vamos ter que inverter essa relação porque o interesse da sociedade tem que prevalecer sobre o interesse das empresas”, analisou.

    Bandeira de Mello teceu críticas ao BRT, uma espécie de corredor especial de ônibus que cobre a Zona Oeste da capital fluminense.

    “O BRT é um sistema modal de média capacidade que funciona muito bem em várias cidades do mundo. No entanto, o BRT que foi implantado aqui foi mal-concebido, foi mal-implantado e é pessimamente operado. É um absurdo. Sou usuário de BRT e sou testemunha das condições a que a população é submetida, de descaso e da falta de respeito”, avaliou. “O BRT tem a questão da Transbrasil, que é o eixo troncal da Avenida Brasil. Ele deveria ter sido o primeiro a ser implantado, é o mais importante e o que vai atender um número maior de pessoas. Vamos concluir o BRT da Transbrasil. Vamos melhorar e aumentar a quantidade da frota, vamos ter que intervir nas estações. É praticamente impossível para um cadeirante andar de BRT. É uma falta de respeito. Sem falar nas grávidas que andam naquela superlotação. Ou seja, vamos ter que rever os contratos, fazer fiscalização permanente e passar a rede a limpo”, concluiu.

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