Carta ao Leitor: Equilíbrio na cobertura
Com todas as nuances necessárias, reportagens políticas de VEJA não caem no buraco negro da polarização

A relativamente jovem democracia brasileira enfrentou testes duros nos últimos anos. Instituições como o Supremo Tribunal Federal foram ameaçadas, colocou-se em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral, houve tentativas de atentados com explosivos e, em uma espécie de clímax desses novos tempos de chumbo, descobriu-se um movimento urdido nos estertores da Presidência de Jair Bolsonaro disposto a impedir a posse do sucessor, que se desdobrou, segundo as investigações, no 8 de Janeiro. Para a imprensa, retratar os atores e os fatos desse período representa um enorme desafio, em meio à enxurrada de fake news e postagens distorcidas que tomam conta das redes.
Nossas reportagens são contextualizadas dentro da complexidade dos assuntos abordados, com todas as nuances necessárias, sem cair no buraco negro da polarização. Alvo de críticas por seu estilo e algumas decisões polêmicas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, teve seu papel reconhecido em uma capa recente, enquanto líder da resistência do Supremo contra investidas autoritárias. Jair Bolsonaro também mereceu destaque por várias vezes, em meio ao processo que o tornou réu por uma tentativa de golpe. VEJA publicou com exclusividade a minuta com o roteiro da conspiração, assim como as confissões do tenente-coronel Mauro Cid e o jogo duplo feito por ele ao longo desse processo — ao mesmo tempo que revelava bastidores da trama para a PF, dizia a aliados bolsonaristas que suas palavras estavam sendo distorcidas pelos investigadores. No mais recente episódio revelado por VEJA, provou-se que ele mentiu em interrogatório no STF quando indagado se havia quebrado a confidencialidade do acordo de delação em conversas em uma rede social.
O peso da mentira e as implicações disso são discutidos em reportagem da edição. Para os apoiadores do ex-presidente, VEJA teria prestado um serviço à causa bolsonarista ao revelar o caso. Para adversários e críticos do ex-presidente, VEJA estaria a serviço dos interesses da direita radical ao trazer o assunto à tona. Nem uma coisa nem outra. Cumprindo de novo sua missão jornalística, VEJA mais uma vez jogou luz sobre um fato relevante que merecia ser conhecido pela sociedade. Seja nas edições impressas, seja na cobertura on-line, VEJA sempre atua com seriedade e imparcialidade. São fundamentos básicos do jornalismo, é verdade, mas muitas vezes esquecidos na era dos extremos das paixões políticas.
Publicado em VEJA de 20 de junho de 2025, edição nº 2949