Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Um grito de alerta

Já passou da hora de atitude urgente para mitigar os estragos provocados pelas mudanças climáticas

Por Da Redação Atualizado em 3 jun 2024, 16h38 - Publicado em 31 Maio 2024, 06h00

A postura inepta das autoridades políticas diante das tragédias ambientais parece ser atávica, sinônimo de irresponsabilidade. As ações lentas — quando não o desdém a alertas preliminares e o descaso com os investimentos em contenção — resultam em cenas dramáticas como as do Rio Grande do Sul, coberto de água e lama desde o início de maio. Não é exclusividade brasileira, como a jabuticaba — basta lembrar dos estragos do furacão Katrina, que varreu a região metropolitana de Nova Orleans, nos Estados Unidos, em agosto de 2005. A letargia amplia os desastres naturais. Não se trata de afirmar que reações rápidas e adequadas, associadas à prevenção, sejam capazes de sempre frear a força inigualável da natureza. Não. Mas há um aspecto ainda mais terrível na imprudência oficial — a falta de controle e de regras tem acelerado, no mundo industrializado movido a combustíveis fósseis, as mudanças climáticas que empurram a humanidade para o precipício.

Já passou da hora, portanto, de atitude urgente. Há tempo de correção, caminhos sobejamente conhecidos para mitigar os estragos, e não vivemos o fim dos tempos. Os resultados desastrosos, contudo, se espraiam com rapidez — os efeitos já não se resumem à inaceitável morte de pessoas fragilizadas, multidões sem casa, plantações arrui­na­das pela chuva ou pela seca, aeroportos inundados. Na era dos extremos, uma série de pesquisas aponta para os malefícios que o desequilíbrio climático causa à saúde. Hoje, mais de 525 milhões de pessoas são vítimas de insegurança alimentar em decorrência do impacto do clima nas safras. Chegará a 370% o crescimento do número de fatalidades relacionadas ao calor se o aumento da temperatura global atingir 2 graus na metade do século, como tristemente previsto.

HISTÓRIA - Capas de VEJA das décadas de 80 e 90: retrato do clamor da sociedade, num tempo em que se dizia “ecologia”
HISTÓRIA - Capas de VEJA das décadas de 80 e 90: retrato do clamor da sociedade, num tempo em que se dizia “ecologia” (./.)

É preocupante — sobretudo vergonhoso — imaginar que, apesar de alguns avanços, como a constituição do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e sucessivos eventos em forma de cúpulas internacionais, tenhamos caminhado de lado. É clamor que VEJA tem acompanhado desde seu início, em 1968, em reportagens de capa, ao refletir os humores da sociedade — clamor que recebeu ouvidos moucos dos poderosos de mãos dadas com a ganância, como se os militantes da ideia de preservação e conservação fossem lunáticos. Não pode ser assim. A vagareza deve ser interrompida. Convém lembrar o grito da filósofa e bióloga marinha americana Rachel Carson (1907-1964), autora de Primavera Silenciosa, de 1962 — de 1962! —, denúncia inaugural na defesa da ecologia, como se dizia naquele tempo, e revelação da nocividade dos inseticidas, antes celebrados como a salvação da lavoura. Eis o que disse Rachel, em trecho que parece ter sido escrito hoje: “A questão consiste em saber se alguma civilização pode levar adiante uma guerra sem tréguas contra a vida, sem destruir a si mesma e sem perder o direito de ser chamada de civilização”.

Publicado em VEJA de 31 de maio de 2024, edição nº 2895

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.