O primeiro dia do julgamento de Flordelis foi marcado por troca de acusações entre os advogados de defesa e os promotores e advogados designados como assistentes da acusação. A ex-deputada federal e pastora responde pelo assassinato do marido Anderson do Carmo e é julgada na terceira vara criminal do fórum de Niterói, região metropolitana do Rio.
Durante o depoimento da delegada responsável pelo inquérito, Bárbara Lomba, houve divergências entre os representantes do Ministério Público e os advogados de Flordelis. A defesa acusou o MP de manipular o juri na interpretação de conversas encontradas no celular da acusada. Em outro momento, a juíza, Nearis Carvalho Arce, pediu a uma advogada da defesa para acelerar as perguntas o que foi respondido com uma frase ríspida: “se não quer que eu fale, comunica”.
O clima seguiu tenso no intervalo. O advogado Ângelo Máximo, representante da família, revelou que a defesa da Flordelis ameaçou ingressar com um processo administrativo na Ordem dos Advogados do Brasil e também na Justiça Criminal contra ele. O motivo seria uma declaração dada por ele a respeito de um papel encontrado na cela da ex-deputada federal, após uma revista realizada na penúltima semana. A cantora gospel foi identificada com um celular, nas partes íntimas, embrulhado em um papel que continha números de telefone.
“Isso quem disse não fui eu, foi a policial penal. E estão usando isso para me ameaçar, dizer que não estou sendo ético. A falta de ética é ameaçar um colega”, afirmou o advogado.
O advogado de defesa da Flordelis, no entanto, apontou que a ameaça não é verdade. Em realidade, explicou Rodrigo Faucz, a medida tomada foi um processo administrativo contra o advogado Ângelo Máximo na OAB, por ter acusado a defesa de falar com a sua cliente pelo celular. “Isso é uma inverdade. A acusação não tem provas e quer impactar os jurados com outras questões para prejudicar ainda mais a imagem de Flordelis”, defendeu Faucz.
Em seu depoimento, Lomba implicou Flordelis no assassinato do marido. Segundo a delegada, A ex-deputada apresentou versões conflitantes para o crime para a polícia e para a imprensa. Além disso, disse que outras pessoas envolvidas no caso, como a filha adotiva, Marzy Teixiera da Silva, e Lorraine dos Santos, neta biológica, confirmaram fatos que mostram que a ex-pastora tinha conhecimento do plano de matar Anderson.
No banco dos réus, Flordelis assistia a tudo e chorou muito, principalmente ao ver parentes na plateia.