O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais neste domingo, 21, para engrossar o coro de críticas às declarações do filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, de que basta “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). “As declarações merecem repúdio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição”, escreveu o ex-presidente.
O comentário de Eduardo Bolsonaro foi feito durante palestra que ocorreu antes do primeiro turno, em 9 de julho, na cidade paranaense de Cascavel. Em determinado momento do vídeo gravado por um participante, alguém da plateia questiona: “Teu pai sendo eleito no 1º turno, há possibilidade do STF, que há uma previsibilidade, dele agir e impedir que o seu pai assuma? E isso acontecendo, o Exército pode agir sem ser invocado lá, salvo engano, acho que o artigo primeiro, se isso acontecer?”.
O filho de Jair Bolsonaro responde: “Aí já está caminhando para um estado de exceção. O STF vai ter que pagar para ver e aí vai ser eles contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam e muito pouco pode ser dito. Mas se o STF quiser arguir qualquer coisa, sei lá. Recebeu uma doação de 100 reais do José da Silva, impugna a candidatura dele. Eu não acho isso improvável, mas vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá, se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que que é o STF, cara? Tipo, tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua? Se você prender um ministro do STF, acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF? Milhões na rua? Solta o Gilmar! Solta o Gilmar?“, indaga ele.
Em entrevista no início da tarde deste domingo, 21, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) disse desconhecer o vídeo em que seu filho Eduardo Bolsonaro aparece. “Isso não existe, falar em fechar o STF. Se alguém falou em fechar o STF precisa consultar um psiquiatra”, afirmou o candidato, em coletiva na casa do empresário Paulo Marinho, onde grava vídeos para seu programa eleitoral. “Desconheço esse vídeo. Duvido. Alguém tirou de contexto.”
Em coletiva sobre as eleições em Brasília, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, também comentou o vídeo. “Me foi trazido a conhecimento que o vídeo foi desautorizado pelo candidato (Bolsonaro)”, disse. “No Brasil as instituições estão funcionando normalmente. E juiz algum que honra a toga se deixa abalar por qualquer manifestação que pode ser compreendida como inadequada.”
Durante visita a São Luís do Maranhão, também neste domingo, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, usou o vídeo – divulgado nas redes sociais neste domingo, 21 – para voltar a advertir sobre as tendências autoritárias do rival. “Há muito medo de violência por parte de Bolsonaro. Um filho dele chegou a gravar, de um pensamento, se é que se pode chamar de pensamento o que eles falam, é uma coisa tão impressionante que não sei se pensam para falar. Disse que iam prender, fechar o Supremo Tribunal Federal caso batessem de frente com o executivo”, disse Haddad, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Lula também se pronunciou no Twitter:
O candidato derrotado à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, afirmou, também no Twitter, que o vídeo de Eduardo Bolsonaro “mostra bem o descompromisso dessa turma com a democracia”. “Aos setores do Judiciário que impulsionaram a onda antidemocrática no País fica o dito espanhol: ‘cria cuervos y te sacarán los ojos'”, acrescentou ele.
Confira o vídeo:
(com Estadão Conteúdo)