O avanço da lama pelo Rio Paraopeba fez a cidade de Pará de Minas decretar situação de emergência nesta terça-feira, 5. O rio, que é a principal fonte de captação de água da cidade, foi atingido pela onda de rejeitos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho no último dia 25 de janeiro. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o Paraopeba já foi tomado pelos rejeitos em cerca de 120 quilômetros de sua extensão.
O prefeito Elias Diniz (PSD) explicou que o rio tinha se tornado fundamental para o abastecimento da cidade, de 100 mil habitantes, depois da crise hídrica que afetou a região entre 2013 e 2016. “Foi a única alternativa encontrada para colocar fim à situação calamitosa vivenciada pela população”, disse ele, complementando que o município não conta com outras fontes de recursos hídricos para garantir o abastecimento regular.
Ele enumera também os riscos à saúde humana e para as criações de animais e cultivos agrícolas da cidade como motivos para o decreto. Com a decisão, ficam autorizados processos de desapropriação de propriedades localizadas em áreas de risco.
Contenção
A Vale informou, em nota, que instalou na terça-feira a terceira membrana de contenção de rejeitos no Paraopeba para proteger o sistema de captação de água da cidade, mas uma análise feita na segunda-feira por uma equipe da Fundação SOS Mata Atlântica apontou que até a segunda membrana o sistema não estava sendo muito efetivo.
O grupo, que está monitorando o rio de modo independente desde o local onde ele foi atingido pela onda de rejeitos, analisa em amostras d’água características como turbidez e oxigenação. Para avaliar a efetividade das membranas, fez coletas em um ponto anterior às barreiras e em um posterior. Os indicadores mostraram que as membranas estão tirando aproximadamente 50% do volume de rejeito. Questionada, a Vale não se manifestou.
As chuvas que atingiram a região de Brumadinho, onde ficava a barragem da Vale, na segunda-feira, diluíram os rejeitos, fazendo a lama avançar mais rapidamente pelo curso do rio, que deságua no São Francisco. “Se as chuvas persistirem, a tendência é de que ocorra a elevação da vazão e, consequentemente, o aumento da capacidade de transporte de sedimentos e aumento dos valores de turbidez”, informam o Serviço Geológico do Brasil e a ANA, no boletim divulgado diariamente sobre a situação do rio.