Citado em conversa de Temer e Joesley, Funaro pode fazer delação
Doleiro ligado a Eduardo Cunha e cujo silêncio teria sido comprado por dono da JBS ‘está interessado’ em fazer acordo, diz advogado que deixou a sua defesa
O advogado Cezar Bittencourt disse nesta quarta-feira que o doleiro Lucio Bolonha Funaro, preso desde julho de 2016 na Operação Sépsis, “está interessado” em fazer acordo de delação premiada e que, por isso, deixou de ser seu defensor. Funaro é apontado como operador de propinas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Ao deixar a defesa de Funaro, Bittencourt alegou ainda “conflito de interesses” porque também defende o “homem da mala’, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB), flagrado pela Polícia Federal recebendo de um executivo da JBS uma mala com R$ 500 mil. Caso Funaro feche delação, é bastante provável que ele envolva Loures.
Funaro foi preso com base na delação de Fabio Cleto, ex-vice presidente de Fundos e Loteria da Caixa. Segundo Cleto, o doleiro atuava em nome de Eduardo Cunha no recebimento de propina para liberação de aportes milionários do FGTS para grandes empresas, entre elas, a Eldorado Celulose, do Grupo J&F.
Uma eventual delação de Funaro pode complicar ainda mais a situação de Temer. No áudio gravado por Joesley Batista, da JBS, de conversa com o presidente no Palácio do Jaburu, o empresário diz que está comprando o silêncio tanto de Cunha quanto de Funaro, ao que o peemedebista responde: “Tem de manter isso aí”.
A defesa de Temer sustenta que o áudio foi editado e que tem vários pontos de corte e pediu perícia na gravação, o que foi autorizado pelo STF. Para o Ministério Público Federal, no entanto, está claro que o presidente concordou com a estratégia de Joesley para evitar que Cunha e Funaro contassem o que sabem.
(Com Estadão Conteúdo)