Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana

Clima entre técnicos do Ministério da Saúde é de medo e perseguição

Comentário interno é de que nunca se viu tamanho controle dos dados divulgados, nem mesmo durante a ditadura militar

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 8 jun 2020, 13h21 - Publicado em 8 jun 2020, 12h11

O clima entre técnicos do Ministério da Saúde é de medo e perseguição desde as recentes investidas do governo federal para mudar a metodologia de divulgação de casos e mortes causadas pelo coronavírus.

A pressão tem levado servidores a relatar quadros de ansiedade e ataques de choro durante o trabalho. O comentário é de que nunca se viu tamanho controle do trabalho de vigilância em saúde, um dos pilares do Ministério, nem durante a ditadura militar. Como os militares recém-nomeados para ocupar cargos-chave na pasta não dominam a técnica e os sistemas de compilação de dados, eles têm obrigado os técnicos a informar qualquer movimentação nesse sentido.

A orientação é de que nenhum dado pode ser inserido na plataforma de divulgação sem a autorização do secretário-executivo, o coronel Elcio Franco, nomeado para o posto pelo ministro interino, Eduardo Pazuello. Franco segue ordens do ministro-chefe da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos, que critica com frequência a atenção dada pela imprensa aos mortos da Covid-19. Foi do ministro também a ordem para a pasta dar mais destaque aos curados da doença nos boletins diários divulgados pelo ministério.

ASSINE VEJA

Clima entre técnicos do Ministério da Saúde é de medo e perseguição
Os riscos da escalada de tensão política para a democracia Leia nesta edição: como a crise fragiliza as instituições, os exemplos dos países que começam a sair do isolamento e a batalha judicial da família Weintraub ()
Clique e Assine

Desde a última sexta-feira, 5, o Ministério da Saúde passou a atrasar a divulgação dos boletins diários com dados da epidemia. Em vez de liberar os dados até as 19h, como vinha sendo feito desde o início da crise, os boletins passaram a ser disponibilizados às 22h. A orientação teria partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para evitar a publicação dos números nos telejornais noturnos e nos jornais impressos, que costumam fechar as edições diárias antes desse horário. “Acabou matéria no Jornal Nacional“, disse Bolsonaro ao comentar o novo horário.

Continua após a publicidade

Além disso, o ministério passou a divulgar apenas os números de mortes causadas pelo coronavírus confirmadas no dia, e não mais o acumulado desde o início da pandemia. A orientação é de que sejam calculados apenas óbitos com testes que confirmem a infecção por Covid-19 no dia, e deixem de ser incluídos casos em que a morte ocorreu antes do teste confirmar a doença. Devido à escassez de testes disponíveis, na maioria das vezes, o resultado demora dias para ser concluído.

O Congresso reagiu à atitude do Executivo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), prometeu criar uma plataforma independente de acompanhamento dos dados. O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou explicações do governo sobre o assunto.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Ofertas exclusivas para assinatura Anual.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.