Com Cappelli, Castro diz que é preciso combater ‘verdadeira máfia’ no Rio
Governador e secretário-executivo do Ministério da Justiça se reuniram nesta sexta-feira, no Palácio Guanabara

O governador Cláudio Castro voltou a se reunir, na manhã desta sexta-feira, 6, com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. O foco foi a morte dos três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Castro reforçou a necessidade de resolução do caso, com a descoberta do mandante do crime e o esclarecimento das circunstâncias, e, ao se referir à disputa entre milicianos e traficantes na cidade, disse se tratar de “uma verdadeira máfia”. A principal linha de investigação neste momento é de que uma das vítimas, Perseu Ribeiro Almeida, tenha sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.
O novo encontro acontece apenas uma semana depois de outra visita de Cappelli à capital fluminense. O episódio ganhou contornos nacionais, já que uma das vítimas, Diego Ralf Bomfim, 35 anos, era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). A Polícia Civil, que investiga o caso com apoio da Polícia Federal, busca agora confirmar se de fato houve uma confusão na execução do crime, além de prender os responsáveis. Na noite desta quinta-feira, foram encontrados quatro corpos em dois carros na Zona Oeste do Rio, dois deles de suspeitos de terem participado da ação criminosa.
“É um problema do Brasil e temos que parar de achar que é pontual. Só conseguiremos ter sucesso no combate à criminalidade se for um combate de todos: estados, governo federal e prefeituras. Não estamos falando mais de uma briga de milicianos e traficantes. Estamos falando de uma verdadeira máfia, uma máfia que tem entrado nas instituições, nos poderes, nos comércios, nos serviços e no sistema financeiro nacional”, disse Castro.
Ainda segundo o governador, as investigações seguem e serão ampliadas, de modo a combater o que ele chamou de “máfias”, mesmo após os corpos encontrados. “O que nos parece é que até eles se indignaram com a ação dos seus próprios e eles fizeram essa punição interna. Temos que achar, inclusive, quem cometeu esse segundo assassinato. O estado não se abala. É óbvio que eles já sabiam quem tinha sido, foram à frente e puniram eles. Tem que ver se foram todos, se tinha mais gente envolvida, a investigação não muda em nada”, disse.
Cappelli, por sua vez, voltou a falar da importância de uma cooperação entre estado e governo federal. Conforme mostrou VEJA, o tema é motivo de tensão entre o governador do Rio e o ministro da Justiça, Flávio Dino. No início da semana, eles já haviam anunciado o reforço não só de inteligência, mas com agentes da Força Nacional para ações no combate ao crime no Rio, com foco no Complexo da Maré. A chegada da corporação ao Rio, no entanto, foi suspensa a pedido do Ministério Público Federal na quarta-feira.
“Viemos para o Rio por determinação do presidente Lula para apoiar o governo do Rio no enfrentamento desse crime inaceitável que ameaça a vida, destrói a economia e afronta o estado democrático de direito (…) Vamos seguir apoiando com a PF, com a PRF, com nosso grupo de inteligência. Nós apenas adiamos o envio da Força Nacional pelos questionamentos do Ministério Público Federal. Estamos em busca de efetividade. O adversário está do outro lado: o crime organizado que tenta tomar todo o país”, disse Cappelli, citando o pedido de uma reunião para “esclarecer” os pontos.