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Comandante do Exército critica falta de ações contra violência

O general tratou de política e propôs um basta "ao diversionismo, à radicalização retrógrada e à fragmentação social"

Por Fernando Molica
Atualizado em 24 ago 2018, 15h05 - Publicado em 24 ago 2018, 13h18
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  • Numa crítica ao governo do Rio e a prefeituras de cidades fluminenses, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, tratou da intervenção federal na segurança do estado e reclamou da falta de “medidas socioeconômicas” capazes de modificar os baixos índices de desenvolvimento humano, o que, para ele “mantém o ambiente propício à proliferação da violência.” Segundo ele, “nenhum outro setor dos governos locais” empenhou-se nesse sentido. Em Ordem do Dia divulgada pela passagem do Dia do Soldado (25 de agosto), Villas Bôas disse que “o componente militar é, aparentemente, o único a engajar-se na missão”.

    O general se queixou também da “repercussão restrita” das mortes de três militares do Exército, atingidos por tiros durante operação em favelas na Zona Norte do Rio. Para ele, os fatos “nem de longe” atingiram “a indignação ou a consternação condizente com os heróis que honraram seus compromissos de defender a Pátria e proteger a sociedade”. Segundo ele, “valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento da de outros”. O general frisa que a sociedade continua a receber com naturalidade a morte de 63. 000 pessoas por ano – número de vítimas de homicídios em 2017.

    Ressaltou que a população do Rio deposita esperanças em uma intervenção “que muitos, erroneamente, pensam ser militar”. O decreto que estabeleceu a intervenção determina, porém, que o cargo de interventor “é de natureza militar”. A função é exercida pelo comandante militar do Leste, general Walter Braga Netto.

    Também na nota, o comandante do Exército tratou de política. Para ele é chegada a hora “de dizer basta ao diversionismo, à radicalização retrógrada e à fragmentação social”. “É preciso que busquemos a união, com espírito público, sacrifício e ética”, escreveu. Para o general, o Brasil tem pressa para “reencontrar sua identidade” e que nessa hora, “coberta de dúvidas”, é preciso ter coragem para “despojarmos daquilo que nos desagrega”.

    Afirmou que vivemos uma era “de conflitos e de incertezas, na qual os individualismos se exacerbaram e o bem comum foi relegado a segundo plano”. “Perdemos a disciplina social, a noção de autoridade e o respeito às tradições e aos valores, o que nos tornou uma sociedade ideologizada, intolerante e fragmentada”. De acordo com o general, estamos “nos infelicitando, diminuindo nossa autoestima e alterando nossa identidade”. Acrescentou que o país “não consegue vislumbrar um projeto para o seu futuro”.

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