
A permanente discrição de Cláudio Lembo escondia um político corajoso, sem medo de enfrentar os problemas. Formado pelas fileiras da Arena, durante o regime militar, ele nunca deixou de lutar pela democracia. Governador de São Paulo de março a dezembro de 2006, eleito pelo PFL como vice de Geraldo Alckmin, Lembo enfrentou com firmeza a onda de ataques orquestrados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) a autoridades policiais e prédios públicos, em maio de 2006, que resultou em centenas de mortes.
Conciliador nato, de fala calma e ponderada, cresceu politicamente em partidos de centro-direita, mas tinha a simpatia também da esquerda. Tome-se como resultado dessa postura equilibrada as reações de lados distintos do espectro político com sua morte. “Lembo foi símbolo da Política escrita assim, com P maiúsculo”, disse o presidente Lula. “Cidadão exemplar, com excelente formação e um homem público que não deixa uma única observação negativa”, afirmou Gilberto Kassab, presidente do PSD. Lembo morreu em 19 de março, aos 90 anos.
Uma estrela do garrafão

Não por acaso, dado os infinitos recursos, ele era conhecido no basquete como o “diabo loiro”. Wlamir Marques, ídolo do Corinthians e da seleção, vestia a camisa 5, mas era capaz de atuar em qualquer posição em quadra, como pivô, ala e armador. Foi um dos protagonistas do Brasil bicampeão mundial da modalidade em 1959 e 1963, e medalhista de bronze na Olimpíada de Roma, em 1960, e Tóquio 1964. Membro do Hall da Fama internacional, celebrado nos Estados Unidos e na Europa, Wlamir tem um busto na sede da equipe alvinegra, o Parque São Jorge, celebrado junto com os mais queridos jogadores de futebol, a exemplo de Neco e Zé Maria. O motivo: a penca de conquistas e uma noite em especial, em 1965, em que fez 51 pontos na vitória do Corinthians sobre o Real Madrid, então campeão europeu, por 118 a 109. Depois da aposentadoria, foi reputado comentarista da extinta TV Manchete e do canal ESPN. Ele morreu em 18 de março, aos 87 anos.
A voz do Brasil

Formado em direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Salomão Ésper foi uma das mais respeitadas vozes do rádio e da televisão brasileiros. De 1962 até 2019, atuou na Rádio Bandeirantes, onde coapresentou o programa Jornal Gente ao lado de José Paulo de Andrade (1942-2020), com quem formou uma parceria de quatro décadas. No âmbito da televisão, comandou o programa Titulares da Notícia, na Bandeirantes, entre 1970 e 1977, e foi o apresentador do Jogo da Verdade, um programa de entrevistas exibido pela TV Cultura em 1982. Morreu em 16 de março, aos 95 anos, em São Paulo.
Publicado em VEJA de 21 de março de 2025, edição nº 2936