
Quarta dos oito filhos de Gilberto Gil — fruto da relação do cantor com Sandra Gadelha —, Preta Gil cresceu em um dos círculos mais importantes da MPB e se tornou uma empresária e celebridade poderosa até morrer, no último domingo, 20, das complicações de um câncer colorretal. Afilhada de Gal Costa e sobrinha de Caetano Veloso e Maria Bethânia, ela renegou o canto por muito tempo, trabalhando como publicitária e produtora musical, até receber uma composição de Ana Carolina e estrear, aos 29 anos, com Sinais de Fogo, o maior hit de sua carreira e faixa do álbum Prêt-à-Porter, de 2003. O disco acabou chamando mais atenção pela nudez da cantora na capa que pelas canções, e ela ainda foi alvo de ataques racistas e misóginos. Desde cedo, Preta lidou com o preconceito por ser fora do padrão: negra, bissexual e gorda — como ela mesma se definia. Mas nunca se abateu. Qualquer coisa que fizesse virava notícia, fazendo dela uma das primeiras celebridades a não depender de papéis na Globo para ser famosa.
Isso acabou instigando o talento de Preta como agente de famosos. Em 2017, ela fundou, com outros empresários, a Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência da atualidade. Também virou uma potente influenciadora digital e assumiu a narrativa das notícias sobre si ao divulgar por conta própria em suas redes o tratamento contra a doença com que fora diagnosticada em janeiro de 2023. Com muita vontade de viver, Preta fez cirurgias e quimioterapia — além de enfrentar um conturbado divórcio em meio a seu drama de saúde, após descobrir a traição do companheiro. “Quero produzir muito ainda”, disse a VEJA em setembro de 2023. Preta chegou a viajar para os Estados Unidos em maio para tentar um tratamento experimental, mas não resistiu. Morreu aos 50 anos em Nova York ao lado de amigos e familiares, deixando um legado de resiliência não só perante o câncer, mas diante da vida.
Um homem de ideias

Ao descortinar novos rumos para a propaganda brasileira, Roberto Duailibi foi figura fundamental para o salto do setor e sua profissionalização no país. O D da agência DPZ, fundada em 1968 ao lado de Francesc Petit e José Zaragoza, ajudou a criar campanhas memoráveis, como o baixinho da Kaiser, o frango da Sadia, o garoto Bombril e o leão da Receita Federal. Também foi decisivo ao conferir à área em que virou referência contornos de um negócio que une criatividade e estratégia, e resolveu então passar o conhecimento adiante, como professor e diretor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Nascido em família de origem libanesa, em Mato Grosso do Sul, Duailibi mudou-se para São Paulo aos 12 anos. Formou-se pela Escola de Propaganda de São Paulo em 1956 e estreou na carreira em 1952. Atuou como redator em grandes agências, como JWT, McCann Erickson e Standard Propaganda. Em 2015, tornou-se o primeiro publicitário a ocupar uma cadeira na Academia Paulista de Letras. Morreu em São Paulo, aos 89 anos, na sexta-feira 18. A causa não foi divulgada. Deixa a esposa, Silvia, os filhos, Marco e Rubem, e netos.
Trajetória sinuosa

Político e dirigente esportivo, o advogado José Maria Marin deixou um rastro de controvérsias por onde passou. Na política paulista, foi vereador, deputado estadual, vice-governador nos tempos de Paulo Maluf e governador do estado em 1982, cargo conquistado por eleição indireta. No futebol, presidiu a Federação Paulista de 1982 a 1988. Em 2012, assumiu a presidência da CBF, onde permaneceu até 2015, quando foi preso na Suíça em operação do FBI. Acabou extraditado para os Estados Unidos e condenado por organização criminosa, fraude e lavagem de dinheiro no escândalo conhecido como Fifagate. Cumpriu pena e retornou ao Brasil em 2020 por questões de saúde. Morreu no domingo 20, aos 93 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Publicado em VEJA de 25 de julho de 2025, edição nº 2954