De volta ao jogo: o impacto da visita de John Kerry ao Brasil
A passagem do assessor especial do governo dos EUA para o clima mostra que, finalmente, retoma-se o espaço perdido pelo Brasil no tema meio ambiente

No campo da diplomacia, há sinais claros atrelados à relevância de um país em determinados assuntos. Nesse contexto, a passagem pelo Brasil do assessor especial do governo dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, mostra que, finalmente, retoma-se o espaço perdido nos últimos quatro anos no tema meio ambiente. Ao lado da ministra responsável pela pasta, Marina Silva, Kerry falou sobre o interesse americano em colaborar com o Fundo Amazônia, criado em 2008 para a preservação da floresta brasileira. No tempo de Bolsonaro, a liberação de recursos foi bloqueada por Alemanha e Noruega, responsáveis pelos principais aportes, em decorrência da má postura do governo no assunto. Agora, a reativação do fundo e a aproximação com os Estados Unidos marcam uma nova fase para o Brasil, que tem potencial para assumir o protagonismo perdido da questão climática. Os afagos e sorrisos trocados entre Marina e Kerry resultaram na assinatura de um documento segundo o qual os dois países estariam empenhados em fazer a transição para a descarbonização da economia. Kerry disse haver intenção de investir cerca de 9 bilhões de dólares no Fundo Amazônia, mas lembrou que a discussão precisa passar pelo Congresso americano antes de a verba ser autorizada.
Se concretizada, além de aportar decisivos recursos para as bandas de cá, a injeção de recursos teria o efeito adicional de atrair outros investidores internacionais. A Amazônia e o planeta agradecem. Mas é crucial que boas iniciativas como essa não fiquem apenas nas fotos e cumprimentos.
Publicado em VEJA de 8 de março de 2023, edição nº 2831