O novo ministro da Saúde, o médico cardiologista Marcelo Queiroga, é um defensor do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social para conter a pandemia de Covid-19 — sua escolha, portanto, pode indicar uma luz no fim do túnel no caminho do bom senso em um governo marcado pelo negacionismo que culminou na desastrosa gestão de Eduardo Pazuello. Claro, tudo vai depender muito da postura do chefe dele, Jair Bolsonaro. Horas antes da escolha de Queiroga, o presidente havia descartado para o cargo a cardiologista Ludhmilla Hajjar, defensora das mesmas medidas recomendadas por Queiroga.
Novo Ministro da Saúde
Em um vídeo datado de 5 de março, Queiroga destaca que ainda não se desenvolveu um “tratamento específico” para controlar a doença, mas que já existem “medidas eficazes”. “Como, por exemplo, o uso de máscaras (…). Também as questões do distanciamento social. E como nós podemos conviver com as regras as medidas preventivas para conter a pandemia e tentar levar a nossa vida normal, porque a vida não pode parar”, disse ele durante exposição no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que tratava sobre os impactos da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Queiroga também reiterou que a vacinação é a “principal aliada” para frear o novo coronavírus, apesar da sua aplicação no país estar no ritmo longe do ideal. “Ainda caminhamos devagar na vacina, mas seguramente essa campanha vai se intensificar, porque vacina sim é a principal aliada no combate à pandemia de Covid-19”, disse ele, no mesmo evento.
Médico há mais de 30 anos e reconhecido no segmento – é atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia -, Queiroga também tem um bom trânsito no meio político. Ele é próximo a um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e tem ligações com o clã Bolsonaro pela política paraíbana – ele nasceu em João Pessoa e se formou em medicina na Universidade Federal da Paraíba.
Imunização do Covid-19
Em 20 de janeiro deste ano, Queiroga apareceu em uma postagem da sociedade de cardiologia recebendo a primeira dose de um imunizante contra o novo coronavírus. Na postagem, há a legenda: “a Sociedade Brasileira de Cardiologia reforça sua posição perante à sociedade, apoiando a importância da ampla vacinação da população contra a Covid-19”.
Desde a queda de Henrique Mandetta, em abril de 2020, Flávio Bolsonaro já vinha defendendo o nome de Queiroga para conduzir a pasta. Nesse meio tempo, assumiram o posto o oncologista Nelson Teich e o general Eduardo Pazuello. Queiroga é irmão do ex-verador da Câmara de João Pessoa Marco Antônio (PV), que tentou a reeleição em 2020, mas não conseguiu votos suficientes. Conforme pessoas próximas, o novo ministro da Saúde sempre se considerou de direita e é um eleitor declarado de Jair Bolsonaro – em um post, chegou a chamá-lo de “mito”.
Na última semana, ele esteve em um encontro com o ministro do Turismo, Gilson Machado, para discutir a escolha do Rio de Janeiro como sede do Congresso Mundial de Cardiologia em 2022. Na publicação, Queiroga chama Machado de o ministro “do coração dos brasileiros”.
Nas redes sociais, o novo ministro gosta de mostrar a boa relação que têm com médicos renomados na área e políticos, como os ex-senadores Cássio Cunha Lima e Ana Amélia Lemos, além de Flávio Bolsonaro.