O delegado André Fernandes, responsável pelas investigações das denúncias de abuso sexual contra João de Deus, destacou, horas depois da detenção do médium neste domingo, 16, que os relatos de quinze mulheres que se apresentaram como vítimas nos últimos dias foram “contundentes” o suficiente para justificar o pedido de prisão preventiva.
“A Polícia Civil colheu, ao todo, quinze depoimentos contundentes, precisos e longos. Já na quarta-feira formamos a convicção de pedir a prisão por meio da força-tarefa, mas mantivemos o sigilo, porque a investigação exige isso”, afirmou o delegado, na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), de Goiânia, onde João de Deus presta esclarecimentos.
“O que chama mais atenção é a singularidade de comportamento, o modus operandi é comum. São diversas vitimas, que não se conhecem, e relatam uma igualdade de comportamento”, continuou o delegado. “A palavra da vítima nessa situação tem uma relevância muito grande. Está aí a necessidade de os depoimentos serem detalhados. (…) Temos outras provas que não podemos revelar por conta da investigação”, disse
O delegado informou que a Polícia Civil já investigava denúncias contra João de Deus, mas que a propagação de diversas notícias acelerou o processo e fez com que “novas provas importantes surgissem”. Ele acredita que mais mulheres devam apresentar denúncias nos próximos dias. “Há crimes que já prescreveram, mas estas vítimas certamente poderão atuar como testemunhas.”
O delegado disse que outros funcionários do Centro de Dom Inácio de Loyola, que atrai anualmente cerca de 120.000 fiéis à cidade de Abadiânia (GO), podem ser envolvidos nas denúncias. “Com certeza, se as investigações provarem que outras pessoas foram coniventes, elas poderão ser punidas.”
Os relatos de abuso sexual vieram à tona há uma semana, quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, apresentou denúncias de algumas mulheres. Dois dias depois, o Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás formaram forças-tarefas para investigar os casos. Até o momento, já foram coletados mais de 330 depoimentos. Desse total, 30 mulheres formalizaram acusações.
Uma das mulheres que o denunciaram foi sua própria filha, Dalva Teixeira, de 49 anos. Em entrevista exclusiva a VEJA, ela relatou o calvário pessoal que enfrentou a partir dos 10 anos de idade. “Meu pai é um monstro”, contou Dalva.