Detida com quase 2 milhões de reais em maio, a delegada Adriana Belém, acusada de envolvimento com a máfia do jogo do bicho, mostrou que tem voz no sistema penitenciário do Rio de Janeiro. Ela não aceitou dividir o xadrez com a mãe do menino Henry Borel, a professora Monique Medeiros, no Instituto Penal Santo Expedito, no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Aos gritos, Adriana bradou que era policial civil e, por isso, não poderia ficar na mesma cela que Monique, que responde com o ex-namorado, o médico e vereador cassado Jairo Santos Souza Júnior, o Dr. Jairinho, pela morte do filho.
Monique ganhou a liberdade em abril, concedida pela juíza do 2º Tribunal do Júri, Elizabeth Machado Louro. Mas os desembargadores da 7ª Câmara Criminal, do Tribunal de Justiça, revogaram a prisão domiciliar e determinaram o retorno da professora à prisão sob o argumento de que ela, mesmo usando tornozeleira eletrônica, estava em local sigiloso, o que impedia a fiscalização do Ministério Público. O desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto lembrou ainda que a acusação a que Monique responde é por homicídio praticado com tortura, havendo, no caso, violência extremada, sendo um crime hediondo.
Para ficar longe da mãe de Henry, Adriana Belém alegou que a sua cela é “classificada como de Estado-Maior, portanto só pode ser ocupada por agentes de segurança pública”. A gritaria de Adriana surtiu efeito. Agentes da Secretaria de Administração Penitenciária fizeram a transferência de Monique para outro xadrez, dessa vez ocupado por mais nove internas. Segundo o órgão, a mãe de Henry só foi colocada na cela de Adriana temporariamente para que fosse decidida sua estada final. Nesta sexta-feira, 1º, o Superior Tribunal de Justiça negou pedido de liberdade feito pela defesa da delegada.